TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O RECLUSO MIANMAR
A noite começava a cair quando vi ao longe as luzes de Yangon pela janela do avião. A antiga capital do Reino da Birmânia foi minha porta de entrada para visitar esse país de passado tão sofrido, que começou a atender pelo nome de Mianmar em 1989, quando ainda estava fechado ao turismo e mergulhado numa tremenda ditadura militar que durou 50 anos. Mas antes dessa fase violenta, até 1944, o Mianmar foi colônia britânica. Conserva ainda hoje os traços arquitetônicos elegantes desse período, especialmente na caótica Yangon, a cidade por onde você provavelmente entrará no país, assim como eu.
Desembarcando no sonho de conhecer o Mianmar.
Conhecer o Mianmar era um dos meus grandes sonhos. Minha
expectativa era altíssima. Li muito sobre o país antes da viagem para me sentir
preparada. Aliás, recomendo o capítulo “A hora de Mianmar”, do livro Lugares
Distantes, de Andrew Solomon que faz um relato detalhado sobre a trajetória
política conturbada e os tantos conflitos internos que isolaram esse belíssimo
reino do mundo. Importante compreender essa história densa e tão recente vivida
pelo povo, antes da viagem.
Durante décadas o país se manteve numa bolha e assim permaneceu
como um grande mistério. O Mianmar foi um dos países mais fechados do mundo e por
isso manteve sua cultura intocada. É diferente de tudo! É um mundo à parte, um
verdadeiro tesouro bruto que desde 2012 vem se abrindo lentamente e revelando
preciosidades, como templos inacreditáveis cobertos por ouro e diamantes. É uma
viagem instigante do primeiro ao último minuto.
Mapa do Mianmar.
Esse país conhecido como “A Terra Dourada” faz fronteira com
Índia, Tailândia, Laos, Bangladesh e China. É um destino exótico, ainda pouco explorado,
com uma paisagem cenográfica pontilhada de pagodas e estupas. Conta com muitos
recursos naturais como ouro, rubi e jade. A nação congrega mais de 100 grupos
étnicos. A população é predominantemente adepta ao budismo Theravada, mas também tem
comunidades hindus, muçulmanas e cristãs. Se por um lado as divergências entre
os diversos grupos minoritários em relação às crenças religiosas e políticas causaram
muito conflito interno, por outro mostram uma riqueza cultural fantástica. Esse
caldeirão pode ser visto nos trajes típicos de cada etnia, no modo de vida e na
culinária com influência chinesa, indiana e tailandesa. Mingalabar é a simpática
palavrinha pronunciada pelos birmaneses para dar boas-vindas e desejar boa
sorte a quem chega. O povo é muito acolhedor.
O Mianmar é um destino tão
marcante que ouso dizer que ficou entre meus TOP 10 no mundo.
POR ONDE ANDEI NO MIANMAR
Preparei cuidadosamente meu próprio roteiro movida pelo
coração:
- 2 noites em Yangon (hotel Sule Shangri-La Yangon),
- 3 noites em Bagan (hotel Aureum Palace Bagan) e
- 3 noites em Inle Lake (hotel Aureum Palace Inle).
A vida flutuante de Inle Lake.
No total foram oito noites no Mianmar, com conexões feitas
em voos rápidos entre um destino e outro. O avião é definitivamente o meio de
transporte mais prático e eficiente. Há muitas companhias aéreas que fazem
esses trechos internos (Mann Airline, Air KBZ, Golden Airline, Yangon Airline).
Algumas pessoas optam por fazer deslocamentos de barco, mas isso torna a
viagem muito lenta. De carro pior ainda. O trânsito é perigoso, passa
constantemente por vilarejos cheios de gente, tem animais circulando na pista,
famílias inteiras equilibradas em pequenas motos, tuk-tuks e paus de arara
abarrotados de gente. E além disso, estrangeiros não podem alugar carro no
Mianmar. É preciso contratar um motorista. Muitos carros são modelos japoneses
de segunda mão, conduzidos do lado direito, mesmo que as regras do trânsito
sejam elaboradas com base no tráfego pelo lado esquerdo. A compra de carros novos
ainda está fora do alcance da maior parte das pessoas. Por isso, as ruas e
estradas têm muitos carros velhos. Opte pelo avião.
Pelas estradas do Mianmar.
COMO CHEGAR NO MIANMAR
Optei por voar de Emirates do Brasil até Dubai onde fiz uma
parada de dois dias para descansar do voo longo de 14 horas. A seguir voei
cinco horas de Dubai ao Mianmar, e com a diferença de fuso de duas horas e “trinta
minutos” (sim! Isso existe!), o dia praticamente se foi. Cheguei em Yangon, a
maior cidade do país com 5 milhões de habitantes, já ao anoitecer. Também há
várias opções de voos pela Europa com conexão na Tailândia, Cingapura, Malásia
e outros países.
Eis o caos do centro de Yangon.
QUE ROUPA LEVAR
É quente no país durante o ano todo. No entanto, no período
considerado como inverno, de dezembro a março, a temperatura cai um pouquinho à
noite. O ideal é ter roupas leves para o dia e um casaquinho ou pashmina para a
hora que esfriar. Leve saias longas para cobrir as pernas e blusas que cubram
os ombros para entrar nos templos. Lembre-se de levar calçados que saiam
facilmente dos pés pois eles ficarão sempre na entrada dos locais religiosos. Você
circulará de pés descalços. Para se adequar ao contexto local compre um longyi
que são pareôs listrados lindos feitos em tear. Eles são diferentes para os
homens e para as mulheres. Lembre-se que a simplicidade é um traço forte do
país.
Nos templos a regra é manter pés descalços e cobrir as pernas usando um longyi.
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
Brasileiros necessitam de visto para entrar no Mianmar. É
fácil emitir o e-visa pela internet no endereço https://evisa.moip.gov.mm/.
Basta preencher os dados, ter passaporte com validade de 6 meses, ter bilhetes
aéreos já emitidos e fazer o pagamento de uma taxa de 50 dólares. No máximo, em
3 dias, ele estará emitido. O visto é válido por 90 dias a partir da data de
expedição e dá direito a uma única entrada no país para a permanência de até 28
dias.
Saiba que o país também exige certificado internacional de
vacinação contra febre amarela. Aliás, já deixo o meu certificado sempre dentro
do passaporte e nem me preocupo mais com isso.
QUE MOEDA USAR
Kyat é a moeda do Mianmar, 1 dólar = 1.540 MMK. Tenha tanto kyats como dólares. O
dólar é amplamente aceito, o mesmo não acontece com cartões de débito e cartões
de crédito. Muitos estabelecimentos aceitam apenas dinheiro. Troque no hotel ou retire nos caixas ATM
disponíveis nas cidades maiores.
A vendedora de oferendas segura uma nota de Kyat.
MELHOR ÉPOCA PARA IR AO MIANMAR
Visite o país do final de outubro ao início de março para
escapar dos meses quentes (mesmo assim faz calor) e do período das monções que
vai de junho a setembro. Monções atrapalham totalmente a viagem com chuvas
constantes e muitas vezes ventos fortes.
IDIOMA OFICIAL
Birmanês. Mas, o inglês é
falado por muita gente.
RELIGIÃO
Budismo Theravada é a principal, mas também tem hindus,
muçulmanos e cristãos.
Os templos budistas são o grande destaque do Mianmar.
FUSO HORÁRIO
Está aí um fuso
horário quebrado: 8 horas e meia em relação ao horário de Brasília.
ENFIM
ENFIM
O Mianmar é um verdadeiro tesouro. A antiga capital Yangon é um mix de caos e decadência com uma espiritualidade muito forte que pode ser sentida nos tantos templos da cidade, o Pagode Schwedagon é o maior tributo ao budismo Theravada. Bagan é uma verdadeira pérola repleta de pagodes
que tornam o cenário idílico. E a vida às margens do Inle Lake transporta
qualquer um a outra dimensão. Um destino arrebatador.
Inle Lake, Mianmar.
ROTEIRO DE UM MÊS PELA ÁSIA
O MELHORE DE CHIANG MAI
FESTIVAL DAS LANTERNAS
AMANTAKA, UM PARAÍSO EM LUANG PRABANG
Fiquei com muita vontade de incluir o Mianmar numa viagem para a Ásia. Obrigada pelo texto tão bonito!
ResponderExcluirÉ um país de cultura muito bem preservada. Merece uma visita com certeza.
ExcluirObrigada.
Oi Claudia
ResponderExcluirQue história linda!
Obrigado por dividir conosco
Abraços VS
Parabéns pelo conteúdo! Estava pesquisando sobre templos asiáticos e sobre o pó de thanaka e aqui encontrei o que precisava! Fiquei fã!
ResponderExcluirAmei o texto e as dicas.
ResponderExcluirMuito Obrigada e boas viagens.
Pena o regime que mata pessoas.
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