MAMA ÁFRICA, BERÇO DA HUMANIDADE


Há fortes indícios de que foi no coração do continente africano que “Adão e Eva” começaram a disseminar nossa espécie pelo Jardim do Éden. Milhares de anos já se passaram desde esses primórdios. Depois disso, na Antiguidade, o continente abrigou núcleos de avançadas civilizações. Mas, muita água rolou e muita coisa mudou. A tragédia e os problemas dos povos africanos começaram, exatamente, quando por lá aportaram os europeus “civilizados”. E, aqueles que foram o início de tudo, agora se encontram sufocados por uma infinidade de conflitos étnicos, convivem com o subdesenvolvimento, com a fome e a pobreza generalizada. Um em cada cinco adultos sul-africanos está contaminado pelo vírus da aids. Cerca de 3,5 milhões de africanos estão fora de suas casas fugindo das guerras étnicas, das epidemias ou em busca de trabalho.


Sul africano trabalhando numa fábrica de doces em Ushaka.

África do Sul e o “apartheid”


Os europeus chegaram à África do Sul em 1487, quando o navegador português Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança. Nessa época, a região era habitada por diversos grupos étnicos como os bosquímanos, os hotentotes, os xhosas e os zulus. No século XVII colonos holandeses, franceses e alemães, ocuparam a região. Eles ganharam a denominação de africânderes e criaram uma língua própria derivada do holandês, o africâner. No século XIX houve a invasão dos britânicos. Foi então, que uma minoria de brancos, composta por africânderes e descendentes de ingleses, promulgou uma série de leis que consolidavam seu poder sobre a população negra, que era maioria. Assim, teve início uma severa segregação racial, o “apartheid” – separação em africâner.
O “apartheid” impedia o acesso dos negros à propriedade de terra e à participação política, além de obriga-los a viver em zonas residenciais separadas dos brancos. Os casamentos e envolvimento sexual entre brancos e negros também eram ilegais. Em 1984 uma revolta popular começou a forçar o fim do “apartheid”. Em 1990, Nelson Mandela, que ficou em torno de trinta anos na prisão, foi libertado e logo eleito presidente do país nas primeiras eleições democráticas. Entre encontros e desencontros, negros e brancos aprenderam a conviver. Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz. O “apartheid” foi abolido, mas seu impacto ainda é visível no dia-a-dia.

Mulheres usam as ruas do centro de Johannesburg, abandonado pela violência, como salão de beleza.

JOHANNESBURG


A cidade traz uma mescla densa de muita história, cultura, riqueza e pobreza. Os sinais do passado estão impressos no presente. Não há como negar o que é tão evidente. Por isso, nada melhor do que visitar o Memorial do Apartheid - Hector Pieterson Museum para começar a entender o que se passou com esse povo tão sofrido. Hector Pieterson foi um adolescente sul-africano morto num confronto com a polícia em Soweto. A cena chocante do menino sangrando nos braços do irmão se tornou a face exposta do massacre que vitimou mais de cem jovens. Essa fotografia foi publicada no mundo todo no dia seguinte à tragédia e se transformou no símbolo da luta contra o apartheid. Está exposta na entrada do memorial. O museu foi construído em 1976. É um local obrigatório de passagem para quem visita o Soweto, onde vivem mais de dois milhões de pessoas.

Foto histórica exposta na entrada do Memorial Hector Pieterson


Soweto não é uma palavra africana, como parece. É o acrônimo de South Western Township ou Cidade do Sudoeste. O subúrbio abriga uma grande favela plana em Johannesburg. Ficou muito conhecido por ser o maior foco de resistência anti-racista e de protestos dos negros contra a política de discriminação da África do Sul. Vale lembrar que andar pelo bairro é perigoso. Um turista sozinho, andando desavisado corre risco. O ideal é ser acompanhado por um motorista ou guia local, pois brancos não são bem-vindos.

Pelas esquinas de Soweto.


Ainda em Soweto é possível conhecer a fachada da casa onde ainda vive Winnie Madikizela-Mandela, militante negra que se dedicou à luta contra o regime racista. Ela foi casada com Nelson Mandela e serviu de porta-voz ao marido no período em que esteve preso. Ela também passou um período na prisão. A casa foi construída antes do seu divórcio com Nelson Mandela e era um local nobre para alojar visitantes internacionais. A casa tem alta segurança e, é sem qualquer dúvida, a maior casa de Soweto. Só pode ser vista por fora, pois ainda é habitada por Winnie. Já, a casa em que Mandela morou antes de ser preso transformou-se num museu e pode ser visitada. A antiga residência é modesta. Tem quatro quartos, fica num pequeno terreno em Soweto e mantém os móveis originais de quando a família a habitava. Também tem fotos e objetos pessoais de Mandela. Atualmente, ele mora num bairro nobre de Johannesburg.

A casa onde Mandela morou no Soweto.

No centro é onde fica o prédio Carlton Centre com o observatório apelidado de “Roof of Africa”, prédio de 50 andares que possibilita uma boa vista panorâmica da cidade. Mas, cabe ressaltar que andar pelo centro da cidade sozinho, também não é boa ideia. O comercio que outrora funcionava por lá precisou ser removido para outros bairros, principalmente para Sandton e Rosebank devido aos constantes problemas com segurança do local. Andar pelo centro, só de carro, e com os vidros fechados! Os problemas que o país enfrenta são perceptíveis nesses detalhes. Já Sandton ostenta a riqueza da África do Sul. É um complexo de shopping, restaurantes, hotéis e apartamentos de grande luxo. É um oásis no meio de tanta pobreza. Na parte central de Sandton é onde fica a Nelson Mandela Square, praça com uma estátua enorme em homenagem ao "grande libertador".

Nelson Mandela Square, em Sandton, um oásis em Johannesburg.


Para se divertir e aprender um pouco vá ao parque temático Gold Reef City. Ele mostra o funcionamento de uma mina de ouro nos moldes da época da corrida do ouro em Johannesburg. Uma visita guiada leva o visitante a uma mina antiga com profundidade de 220 metros. Além disso, o parque tem montanhas-russas e outras atrações. Bem interessante. Se quiser conhecer uma mina de diamante é preciso ir pouquinho mais longe. A vinte quilômetros de Pretória, que é a capital administrativa do país, fica Cullinan Mine. O maior diamante do mundo foi achado nessa região, em 1905. No Museu do Diamante há replicas dos mais famosos diamantes encontrados no país e uma demonstração do processo de mineração dessas pedras preciosas.

Gold Reef City, parque temático interessante que reproduz uma mina de ouro.

Se ainda sobrar um tempo para fazer outros passeios pela região, boas pedidas são o Lesedi African Lodge and Cultural Village, vila onde se pode conhecer hábitos da tribos africanas e o Lion Park, onde é possível fazer um mini-safari se o tempo não der para um safári completo pela savana.

Tribos africanas no Lesedi Cultural Village.
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Indicação de hotel em Johannesburg

A melhor ideia é ficar no complexo da Mandela Square, por uma questão de segurança e praticidade. O Michelangelo Hotel é ótimo, um dos hotéis da rede The Leading Hotels of the World, além de ter bons restaurantes por perto. O endereço é Nelson Mandela Square, West Street, Sandton. Telefone: (2711) 282-7000 http://www.lhw.com/

SUN CITY


Sun City é um luxuoso complexo de quatro grandes hotéis: Sun City Hotel, Cascades Hotel, The Cabanas e The Palace of the Lost City. Conta com cassino, borboletário, campo de golfe, piscinas com ondas, safári e muito que fazer. Fica a 180 quilometros de Johannesburg, aproximadamente duas horas de carro e localiza-se dentro do Parque Nacional de Pilanesberg onde se pode fazer um belo safári na savana e ver os “Big Five” – os cinco principais animais encontrados na África do Sul: elefantes, rinocerontes, leões, leopardos e búfalos; além de hipopótamos, zebras, girafas, macacos e várias outros. Na África do Sul ainda há muita malária e um dos atrativos desse parque, inclusive para crianças, é a ausência de foco da doença nessa região.

Os hotéis oferecem muito conforto e beleza.


Sun City é realmente um lugar imponente.

Fazer o Safari em Pilanesberg é ponto obrigatório.

O rinoceronte é um dos animais mais agressivos da savana.

Um momento mágico, os elefantes passeiam tranquilamente.

Sun City Resort: Telefone 14 557-1544, http://www.sun-city-southafrica.com/; diárias de US$ 200 a US$ 5 000.

Pilanesberg National Park: Telefone 14 555-1600, http://www.pilanesberg-game-reserve.co.za/
DURBAN


Durban, cidade sul africana na província de Kuazulu Natal.


Durban é uma cidade colorida em kuazulu Natal, às margens do Oceano Índico, de personalidade multi-cultural onde convivem indianos, zulus e brancos. Suas temperaturas sempre altas favorecem praias lotadas de surfistas em busca de boas ondas. As praias ficam ao longo da Golden Mile, nome dado aos seis quilômetros às margens do mar, onde também fica a maior parte dos hotéis e restaurantes da cidade. O uShaka Marine World é um ótimo mercado para dar uma caminhada e fazer umas comprinhas. Outro mercado local interessante é o Victoria Street Market. A cultura indiana imprime uma marca forte na cidade, especialmente nos hábitos alimentares. Lembre-se que muita pimenta e curry temperam os pratos típicos da cidade.

O ex "coach" do Bafana Bafana cercado de fãs Zulus em Durban.

Durban abriga a maior população indiana do mundo, fora da Índia.
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Cabe ressaltar que Durban é bastante perigosa, especialmente à noite. Ande sempre pelas ruas principais, sem roupas chamativas, sem pertences a mostra e com olhos de lince!

Riquixá zulu, em Durban.
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Pertinho de Durban fica Zululand, uma aldeia Zulu onde se pode entrar em contato com o modo de vida das tribos Zulus, além de ver um parque de crocodilos e cobras.

Africana cozinhando na tribo dos Zulus.

Acima um ritual de dança Zulu.

Mais fotos dos Zulus.

Ao lado da tribo Zulu, um tratador se entende com o crocodilo.


Também em Durban fica a Reserva de Hluhluwe, bom lugar para um safári na savana, num jeep 4x4 aberto. O lugar é enorme e os animais se espalham tranquilamente e nem se preocupam com os turistas curiosos. Pura emoção!
Saída para safari, num jeep aberto...

Um momento privilegiado no safari de Durban. É difícil ver os hipopótamos, pois eles ficam sempre na água para se proteger do sol forte. Pode não parecer, mas eles têm a pele muito "sensível".

As girafas são muito doces e nem se importam com o movimento.

Indicação de hotel em Durban

Durban Hilton Hotel. O endereço é 12-14 Walnut Road. Telefone: (2731) 362-1300. http://www.hilton.com/

COMPRAS


Sair da África do Sul sem comprar algumas peças de artesanato é impossível. Há várias opções de mercados. Gostei do Bruma World Market em Johannesburg para comprar máscaras, animais feitos em madeira, colares e objetos de decoração. Em Durban, o uShaka Marine World oferece pele de animais, como zebra e kudu, obras de arte e objetos de decoração mais sofisticados. Outra dica boa é separar um lugarzinho na bagagem de mão para fazer as últimas compras no aeroporto. Lá tem duas grandes lojas que são maravilhosas, só tem artigos de boa qualidade. Vale a pena chegar mais cedo e dar uma olhada.

DOCUMENTOS: Os brasileiros não precisam de visto, mas é necessário o certificado internacional de vacinação contra febre amarela. A vacina deve ser tomada no mínimo dez dias antes do embarque.

MOEDA SUL-AFRICANA: 1 rand vale R$ 0,25, mas esse valor oscila. É bom conferir a cotação sempre que for viajar. . QUANDO IR: Como a África do Sul está abaixo da linha do Equador, as estações do ano são as mesmas que no Brasil. Para os safáris, a melhor temporada é o inverno, principalmente de agosto a outubro, pois a vegetação não está tão densa e fica mais fácil avistar os animais. Essa é definitivamente uma viagem exótica e deliciosamente diferente dos padrões convencionais. Pense com carinho em se aventurar pela África.

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COMENTÁRIOS

  1. Oi! Adorei seu blog!
    Eu vi no Ricardo, do Viaje na Viagem.
    E a foto do hippo é demais!

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  2. Caracation!!!!!! Traduzindo: Karaquêixion!! Muito Bacanézimo!!!!Parabéns...Showzaço!!! Abraços!!

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  3. Claudia, fantástico post...Tenho uma grande fascinação pela África, tanta diversidade! E, como a Mô, tenho uma queda por hippos, hehe...e essa foto está linda mesmo!
    Um abraço!

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  4. Emília
    A África é muito exótica. Incrivelmente sedutora. Tudo é diferente por lá. Vale uma visita com certeza!!!!

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  5. Estou indo para a South Africa!

    Johannesburg, Cape Town, Port Elizabeth, e Durban serão locais obrigatórios da minha estada!

    Se o dinheiro for suficiente pretendo conhecer o Kruger park.

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  6. Que bacana! A África é um continente muito exótico. Vale a viagem!!!!
    Aproveite bem!
    Claudia

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  7. Estou planejando uma viagem para a África do Sul na virada desse ano e estou gostando muito das suas dicas!
    Recentemente comecei a escrever um blog com as minhas experiência de viagens. Dá uma passadinha lá: http://destinospossiveis.blogspot.com

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  8. A África é um continente muito exótico. Imagino que você vá gostar bastante.
    Boa viagem!!!
    Claudia

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  9. Oi Claudia,
    Esse destino tá na minha listinha de viagens! Amo bichinhos!!! Adorei as fotos!!!

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    1. Oi Manu,

      A África é um continente muito interessante. Conheço poucos países. Sou doida para conhecer o Kenya, a Etiópia e a Tanzania.

      Beijo

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  10. Claudia, tudo bem? Terei pouco tempo em Joanesburgo. Conhece algum guia para me indicar, por favor?

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    1. Mili, vou te passar o contato de um motorista de táxi. Thabani +27 78 8589504

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