Místico. Denso. Mágico. O Egito tem uma força inexplicável. A
história da Terra dos Faraós contabiliza mais de cinco mil anos e merece ser
reverenciada. Testemunhar os tesouros arqueológicos egípcios é a certeza de mergulhar
no passado de uma das civilizações mais poderosas e intrigantes de que se tem
notícia. O Egito ostenta a única das Sete Maravilhas do Mundo Antigo ainda
existente: as pirâmides de Giza. Você precisa conhecer!
Pirâmides de Giza.
CHEGANDO AO CAIRO
Seja bem-vindo a um dos cantos do mundo com mais história para
contar. A porta de entrada para esse mergulho ancestral costuma ser a cidade do
Cairo, capital do Egito e uma das maiores cidades do continente africano. Uma
megalópole de mais de 9 milhões de habitantes, deliciosamente barulhenta,
poluída, empoeirada, monocromática, suja, antiga, caótica e simpática, às
margens do rio Nilo.
É exatamente esse rio que divide o Cairo de Giza, duas cidades que foram crescendo e acabaram por formar o Grande Cairo, juntamente com Heluã e Shubra El-Kheima, totalizando “módicos” 20 milhões de habitantes.
É exatamente esse rio que divide o Cairo de Giza, duas cidades que foram crescendo e acabaram por formar o Grande Cairo, juntamente com Heluã e Shubra El-Kheima, totalizando “módicos” 20 milhões de habitantes.
Cairo e Giza cada uma de um lado do rio Nilo.
Pelas ruas do Cairo.
Não há voo direto do Brasil para o Cairo. É preciso fazer
escala em algum país da Europa ou mesmo da África. O aeroporto do Cairo é novo
e organizado. Tem até um hotel Le Meridien Cairo Airport bacana caso você tenha algum voo de
conexão em horário complicado, como foi meu caso no retorno ao Brasil.
O visto para brasileiros pode ser feito na chegada “Visa on
Arrival”. É um procedimento rápido. Não há fila no guichê do banco onde se
compra por 25 dólares por pessoa o selo que será colado no passaporte para
apresentar na Aduana.
Contrate previamente um transfer para ter tranquilidade na
chegada e saiba que o serviço de Uber funciona direitinho no Cairo. Para
circular pelo Egito recomendo guia e motorista. O Egito não é um daqueles
países onde se pode circular com muita liberdade.
Contratar um carro com motorista e guia é a melhor opção para explorar o Cairo.
SOBRE O CAIRO
A região onde fica a cidade do Cairo começou a ser povoada no
século VII, quando os árabes introduziram o islamismo no Egito. Depois do
século XIII, a cidade prosperou como centro comercial e de ensino do islã. Em
1860, muitos prédios de arquitetura europeia foram feitos na cidade durante o
domínio Britânico. Em 1922 o Egito conquistou sua independência do Reino Unido
e o Cairo passou a ser a capital, dando início ao Egito Moderno. Desde então, o
Cairo vem crescendo sem parar.
O caos é uma constante no trânsito do Cairo.
Nas partes mais antigas da cidade há superlotação. Basta
observar que na Cidade dos Mortos, uma vasta área de cemitérios “ainda em
funcionamento” foram construídos casebres ao redor dos túmulos e muita gente
mora ali como se fosse um bairro qualquer. A Cidade dos Mortos hoje divide
espaço com a Cidade dos Vivos. Uma tremenda confusão. Coisas do Cairo!
Uma névoa cobre constantemente o Cairo.
Além disso, os sinais de trânsito são mera figuração,
ninguém respeita. O caos impera no trânsito. Para atravessar é preciso
habilidade e sorte. Se sair das ruas centrais você vai se deparar com galinhas,
burricos e carroças circulando entre os carros por ruelas esburacadas. A poeira
e o lixo se misturam a vida cotidiana de uma cidade em tom ocre que já foi um
grande centro cultural e intelectual do mundo árabe e continua sendo o fio
condutor para uma volta ao passado.
Menos de 20 quilômetros separam o centro do Cairo das pirâmides de Giza.
O QUE VER NO
CAIRO
A agitada capital do Egito merece pelo menos 3 dias para que
você possa explorar:
- Pirâmides de Saqqara (Pirâmide Escalonada de Djoser, Pirâmide de Unas, Tumba da Princesa Idut filha favorita do rei Teti, Tumba do Sacerdote Inefret)
- Enigmático Complexo de Giza (Pirâmide de Quéops, Quéfren, Miquerinos e a Grande Esfinge)
- Colosso de Ramsés II (em Memphis)
- Museu do Cairo
- Cidadela de Saladino e a mesquita de Mohamed Ali
- Mercado Khan El Khalili
As pirâmides de Quéops, Quéfren, Miquerinos e a Grande
Esfinge, que compõe o Complexo de Giza, estão localizadas em Giza, como o
próprio nome diz, no Grande Cairo. Foi pela proximidade com as pirâmides (meu
interesse número um no Egito) que escolhi ficar hospedada no hotel Four Seasons at The First Residence. Vale lembrar que há outro Four Seasons no Cairo, numa
área mais central, chamado de Four Seasons Cairo at Nile Plaza, que é inclusive mais novo.
Os dois hotéis ficam às margens do Nilo, sendo que um de cada lado do rio, um
no Cairo e outro em Giza. Os dois são excelentes.
Quartos imensos no Four Seasons at The First Residence e serviço excelente.
OS FARAÓS E AS PIRÂMIDES
A Civilização Egípcia se estabeleceu no nordeste da África, a
partir de uma mistura de povos entre eles os núbios, semitas e hamíticos, por
volta de 4.000 a.C., exatamente onde as águas do rio Nilo levavam vida e
fertilidade ao solo desértico.
Mapa do Egito com os principais sítios arqueológicos.
Ao redor de 3.200 a. C. Menés (ou Narmer, em grego) se
tornou o primeiro faraó ao unificar os reinos do Alto Egito e Baixo Egito. Os
faraós se autoproclamavam como “deuses vivos”. Tinham poder absoluto. Ele teria
sido o primeiro governante humano do Egito, dando lugar ao reinado mítico do
deus Hórus, deus dos céus (o Templo de Hórus pode ser visitado na cidade de
Edfu).
Templo de Hórus.
O COMPLEXO DE SAQQARA
Vários reinados se sucederam após o governo do faraó Menés até
a construção da primeira pirâmide no Egito. De acordo com os egiptólogos, a
Pirâmide Escalonada de Djoser foi construída pelo vizir e arquiteto real
Imhotep para o faraó Djoser ao redor de 2640 a.C., no complexo funerário de Saqqara,
em Memphis, a 30 quilômetros do centro do Cairo. Ele foi considerado o primeiro
engenheiro-arquiteto da história do Egito e até serviu como fonte de inspiração
para um personagem do filme “A Múmia”.
Pirâmide Escalonada de Djoser, a primeira a ser construída no Egito.
A Pirâmide de Djoser é a construção principal de uma zona
arqueológica de nove quilômetros
quadrados. Não perde em importância para o Vale dos Reis, em Luxor.
Para chegar à Pirâmide Escalonada é preciso passar por um portal e seguir um
corredor ladeado por 40 colunatas. Ao final, há uma grande área plana e ao fundo
se vê a belíssima pirâmide com 140 metros de comprimento e 62 de altura desse
faraó que reinou de 2667 a 2648 a. C. Ela foi construída com blocos de calcário
e sua importância está exatamente no fato de ter servido como modelo para as demais
pirâmides do imenso Complexo de Giza.
A poucos passos fica a Pirâmide de Unas, a primeira a ter
textos fúnebres sagrados entalhados nas paredes. O faraó Unas iniciou seu reinado em 2345 a.C. Segundo dizem, alguns dos desenhos serviam para guiar o faraó em seu
caminho para a nova vida após a morte.
Pirâmide do faraó Unas, ainda com sarcófago e muitos hieróglifos.
Entrar nessa pirâmides é fácil, incrível e vale a pena.
O interior dessa pirâmide pode ser visitado. O acesso é fácil. Um pequeno corredor de 20 metros e você estará ao lado de um sarcófago, em uma sala repleta de hieróglifos.
Entrar nessa pirâmides é fácil, incrível e vale a pena.
Os hieróglifos egípcios foram decifrados no século XIX pelo
egiptólogo francês Champollion. Havia dois tipos de escrita no Egito Antigo: a
demótica que era simplificada e a hieroglífica, mais complexa formada por
desenhos e símbolos. Nas paredes das pirâmides havia registros sobre a vida do
faraó e inscrições sagradas.
No complexo há outras pirâmides menores, tumbas de
nobres e governantes. Uma tumba que chama atenção é a da Princesa Idut, filha preferida
do rei Teti que teria governado depois do faraó Unas.
Os registros levam a crer que ela morreu ainda criança e supostamente teria sido sepultada na tumba destinada a um homem, cuja imagem foi raspada. No interior da tumba há belas pinturas de crocodilos e de muitos alimentos.
Ao lado, fica a Tumba do Sacerdote Inefret com desenhos de instrumentos musicais e porta falsa para conduzi-lo a sua outra vida. É tudo muito misterioso e instigante. Uma experiência única. Vá cedinho e terá esse tesouro todo só para você.
Tumba de Idut.
Os registros levam a crer que ela morreu ainda criança e supostamente teria sido sepultada na tumba destinada a um homem, cuja imagem foi raspada. No interior da tumba há belas pinturas de crocodilos e de muitos alimentos.
Pinturas nas paredes da tumba da pequena princesa Idut.
Ao lado, fica a Tumba do Sacerdote Inefret com desenhos de instrumentos musicais e porta falsa para conduzi-lo a sua outra vida. É tudo muito misterioso e instigante. Uma experiência única. Vá cedinho e terá esse tesouro todo só para você.
Na entrada da tumba do sacerdote Inefret tem o seu desenho e
lá dentro uma porta falsa levaria o sacerdote para sua outra vida.
O COMPLEXO DE GIZA
Alguns quilômetros de Saqqara e você se depara com as
inacreditáveis pirâmides de Giza. Imagina-se que tenham sido construídas entre
2.600 e 2.500 a.C. E desde então os três grandes túmulos feitos para os faraós
Quéops, Quéfren e Miquerinos que eram avô, pai e filho e a Grande Esfinge
continuam desafiando a lógica com seus mistérios e causando muita especulação.
Pirâmide de Quéops.
Espantosamente, a pirâmide de Quéops foi a maior encontrada
no Egito, onde há 115 pirâmides (apenas como curiosidade, saiba que no Sudão há
mais de 200 pirâmides). Por isso, ela é chamada de a Grande Pirâmide. Sua
altura original era de 146 metros, o que corresponde a um prédio de 50 andares
e hoje, com a ação do tempo, tem 139 metros. Foi construída com 2.3 milhões de
blocos de granito com peso médio de 2 toneladas cada, sendo que alguns pesam até
80 toneladas e vieram de Aswan, a mais de 900 quilômetros dali. Surpreendente
mesmo para os dias atuais, imagine para a época. Estima-se que tenha sido feita
em menos de 20 anos, por homens qualificados e não por escravos. Mas, não há
como afirmar a veracidade dessas especulações acima. Lendo em diferentes
fontes, as informações nem sempre batem, inclusive sobre as técnicas de construção.
O que se pode afirmar é quão incrível é o Complexo de Giza onde está a Grande
Pirâmide.
O tamanho dos blocos de pedra das pirâmides, do Complexo de Giza, é surpreendente.
DICA: Se entrar em lugares apertados não for um problema
para você, suba pelo túnel que conduz até a parte interna da Grande Pirâmide
onde está a Câmara Mortuária, local em que o faraó foi sepultado com todos os
seus tesouros (que não estão mais lá, muita coisa foi saqueada e o que foi
recuperado está no Museu do Cairo ou em museus da Europa). Caso você sinta
claustrofobia, opte por entrar na Pirâmide de Unas, de fácil acesso e bem
preservada por dentro, em Saqqara.
Ainda no Complexo de Giza ficam as pirâmides de Quéfren e Miquerinos, além da Grande Esfinge, uma bela figura com corpo de leão e rosto humano, esculpida em um único bloco gigantesco de pedra, que dizem representar os traços do faraó Quéfren. A escultura chamada de Pai do Terror é supostamente a guardiã das pirâmides. Tem 20 metros de altura e aproximadamente 70 de comprimento.
Pirâmide de Quéfren e a Esfinge.
Tudo pode ser explorado a pé ou de carro. Só não vale usar as charretes, pois os animais são tratados sem cuidado. Não dê força para essa exploração. As pirâmides de Giza podem ser visitadas de dia ou ao anoitecer quando acontece um espetáculo de som e luz.
A Grande Esfinge com os traços de Quéfren e a pirâmide ao fundo.
Na época em que as pirâmides foram construídas pouca coisa
havia por ali. O antigo isolamento das pirâmides no deserto ficou no passado.
Os subúrbios do Cairo praticamente cercaram o complexo arqueológico e continuam
a crescer. O hotel mais próximo das pirâmides é o Marriott Mena House. Vale para
almoçar ou jantar já que fica
distante demais do centro, mais de 20 quilômetros e com o trânsito insano da
cidade, os deslocamentos se tornam complicados.
Observe na lateral esquerda da foto os prédios da cidade.
Para contextualizar a história, vale lembrar que entre 1800
e 1700 a.C. os hebreus saíram da Palestina devido a uma grande seca e foram em
direção ao Egito, andaram mais de 700 quilômetros. Na nova terra conseguiram
prosperar até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Por volta de 1250
a.C. conseguiram fugir sob a liderança de Moisés no episódio conhecido como
Êxodo relatado no Antigo Testamento. Foi no caminho de retorno para a Palestina,
indo para Jericó, que Moisés recebeu as tábuas com os Dez Mandamentos.
Conjugar a viagem do Egito com Israel e Cisjordânia faz com
que as peças do quebra-cabeça histórico se encaixem e façam sentido. Recomendo!
Durante a fuga dos hebreus, a civilização egípcia estava no
auge com o reinado do faraó Ramsés II, filho do faraó Set I e da esposa Tuya. O
poderoso faraó viveu mais de 90 anos, governou de 1292 a 1225 a.C., ou seja,
durante 67 anos. Teve uma legião de esposas e concubinas (mais de 50 mulheres),
sendo Nefertari sua favorita, com as quais dizem que teve mais de 100 filhos.
Ramsés II foi o faraó de reinado mais longo no Egito.
COLOSSO DE RAMSÉS II
Em Memphis, nas proximidades do Cairo, visite o Colosso de
Ramsés II onde uma estátua de 100 metros de altura do faraó, esculpida em
calcário foi encontrada caída e de tão pesada, um museu foi criado a sua volta,
sem modificar a posição da estátua no solo.
A imensa estátua de Ramsés, em Memphis.
Para comemorar o aniversário de 34 anos do seu reinado, o
nada modesto Ramsés II mandou construir um templo talhado na pedra para ele, às
margens do Lago Nasser, o maior lago artificial de água doce do mundo, e outro,
ao lado, para sua amada Nefertari. Na entrada do templo há quatro imagens do
faraó de 20 metros de altura cada, esculpidas num único bloco rochoso e no seu
interior os desenhos relatam as glórias obtidas nas tantas batalhas do faraó. A
obra levou 36 anos para ser concluída. Recomendo visitar o Templo de Ramsés II
e de Nefertari em Abu Simbel, na fronteira com o Sudão. Vale fazer um bate e
volta de avião a partir do Cairo ou percorrer de carro os 300 quilômetros –
pelo deserto - que conectam Aswan até Abu Simbel. Atualmente, uma região
delicada, uma pena. Por isso, sugiro que opte pelo avião. Os templos são
imperdíveis e ficam lado a lado.
Templo de Ramsés II, em Abu Simbel.
Os Templo de Ramsés II e Nefertari fazem lembrar a cidade de Petra, na Jordânia,
reino dos Nabateus, construído ao redor de 300 a. C. também esculpido nas
pedras.
Em Luxor, antiga cidade de Tebas, não deixe de visitar a
Tumba de Nefertari, no Vale das Rainhas. É a tumba mais bonita e mais cara de
todas. O ingresso custa 1400 EGP equivalente a 90 dólares, ao passo que o ingresso para visitar outras 3 tumbas custa 100 EGP ou 6 dólares. Vale cada centavo. Imperdível!
Tabela de valores para o Vale das Rainhas e Tumba de Nefertari.
Após o reinado de Ramsés II, a força dos faraós começou a
declinar. Houve várias batalhas e invasões até que no ano 525 a. C. Os persas
derrotaram definitivamente os egípcios na Batalha de Pelúsio. O Egito deixou de
ser independente por 2.500 anos e o trono do faraó foi transferido para o território macedônio (comandado por Alexandre, o Grande). Depois disso, o Egito também pertenceu aos romano, árabes e ingleses.
Cleópatra foi a última rainha do Reino Ptolemaico do Egito e
uma das mulheres mais famosas do mundo. Ela era egípcia de nascimento, nasceu
em Alexandria, mas pertencia a uma dinastia macedônia que se estabeleceu no
Egito em 305 a.C. Ela nunca foi detentora única do poder no Egito, co-governou
de 51 a.C. a 30 a.C. sempre com um homem ao seu lado. Mas, era ela quem dava as
cartas. Subiu ao trono aos 17 anos, após a morte do seu pai Ptolomeu XII, um
aliado do Império Romano. Enigmática, cativante, inteligente e sensual
conquistou dois homens poderosos da sua época, os romanos Julio Cesar e Marco
Antonio.
Conforme consta nos registros, o Egito Antigo foi liderado
por 404 faraós, durante 31 dinastias. De um poder sem igual na história. No
entanto, a roda gira e tudo muda. Assim, esse capítulo da história chegou ao
fim. Mas, o legado dessas dinastias continua fazendo a história voltar no tempo,
seja nas pirâmides, nas tumbas, nos templos, nos hieróglifos ou nos museus.
Esfinge de Alabastro no Museu de Ramsés II possivelmente com o rosto de Hatshepsut.
MUSEU DO CAIRO
E por falar em museu, não deixe de colocar o Museu Egípcio
do Cairo no seu roteiro. É fascinante. Ele tem um acervo histórico riquíssimo.
Sugiro visitar com um egiptólogo para melhor aproveitar, já que a coleção passa
de 100 mil peças. O legado de Tutankamon é impressionante. A tumba do “faraó-menino”
que nasceu em 1346 a.C.
e morreu aos 19 anos foi encontrada intacta em 1922, no Vale dos Reis, com mais
de cinco mil objetos entre eles: joias, artigos pessoais, esculturas, armas,
ornamentos... O corpo do faraó foi encontrado mumificado dentro de um
sarcófago, com uma máscara mortuária de 45 quilos de ouro maciço, que é uma verdadeira
obra de arte. Há muita especulação a respeito de sua morte tão precoce. Durante
seu curto reinado, ele levou a capital do Egito para Memphis (nos arredores do
Cairo, onde Ramsés II viveu) e retomou o politeísmo que havia sido abandonado
pelo seu pai, o faraó Akhenaton. O politeísmo se refere a adorar diversos
deuses como Amon-Rá, deus do sol; Anúbis, deus da mumificação; Maat, deusa da
justiça; Isis, deusa do amor; Thot, deus da sabedoria; Horus, deus dos céus; Osíres, deus da vida além da morte...
Acervo riquíssimo no Museu do Cairo.
Ainda no museu, as salas das múmias são imperdíveis. Eles
acreditavam na vida após a morte, por isso mumificavam os faraós e os colocavam
nas pirâmides para preservar o corpo e facilitar a conexão com o deus sol, Rá.
Era o deus Osíris, segundo as crenças egípcias, que julgava como seria a
trajetória de cada um, conforme a leveza do coração. Há muitos animais
mumificados no museu pois eles eram considerados sagrados: o gato pela
agilidade, o jacaré pela destreza nos pântanos, a serpente pelo poder de
ataque, o chacal pela esperteza, a águia pela capacidade de voar, o escaravelho
por estar ligado ao deus sol e ao renascimento.
O processo de mumificação usado pelos egípcios era muito sofisticado.
Muitos animais mumificados no Museu do Cairo.
Algumas seções do Museu do Cairo são tão entulhadas que
parecem depósito. Espera-se que em breve o museu seja transferido para a nova
sede, que dizem que em termos de acervo não ficará atrás do Louvre nem do British Museum onde
também estão expostas muitas relíquias do Egito Antigo.
O Museu do Cairo fica exatamente em frente a Tahir Square onde era a
sede do partido do ditador Hosni Mubarak, que foi atacada em 2011 durante a
Primavera Árabe, um movimento de protestos nos países árabes em favor da
democracia. Ao lado do museu está o novo hotel The Nile Ritz-Carlton Cairo.
MERCADO KHAN EL-KHALILI
Perto dali, explore o colorido e bagunçado Mercado Khan
El-Khalili. Ele começou a funcionar em 1832 como hospedagem para as caravanas
que atravessavam o deserto. Hoje é um mercado imenso, um labirinto de bazares,
onde se vende de tudo: artesanato, papiro, roupas de cama de algodão egípcio,
bijuterias, luminárias, pashminas, túnicas, perfumes... E por falar em vender,
saiba que basta você demonstrar o mínimo de interesse e terá dificuldade em se
livrar dos vendedores insistentes. Se realmente quiser comprar alguma coisa,
negocie! Se não tiver interesse, sorria, diga “Salam Aleikum” (a paz esteja com
você) e agradeça com um belo “shukran” (obrigado). Estratégia simpática e
infalível.
Aproveite para almoçar ali mesmo no mercado, no Café Naguib
Mahfouz. Peça o tradicional Koshari, um prato feito com arroz, lentilha, grão
de bico, massa, molho de tomate e cebola frita. Delicioso!
Café Naguib Mahfouz.
CIDADELA DE SALADINO E A MESQUITA MOHAMED ALI
Para testemunhar as heranças do passado árabe visite a Cidadela
de Saladino, fundada no século XII sobre uma colina fortificada pelo líder
muçulmano Saladino, inimigo dos cruzados. O bastião serviu como sede do governo
egípcio por 700 anos.
Na Cidadela está a Mesquita Mohamed Ali ou Mesquita de
Alabastro que foi construída no século XIX. Seu projeto tem como inspiração a
Santa Sofia de Istambul. A mesquita tem uma grande cúpula central de 21 metros
de diâmetro e 52 de altura. Seus dois minaretes em estilo otomano tem altura de
84 metros e podem ser vistos de vários pontos da cidade. Suas paredes são
revestidas de alabastro, daí o nome Mesquita de Alabastro. No pátio central
encontra-se uma belíssima fonte de ablução, local onde os muçulmanos se lavam
antes das cinco orações do dia. Hoje a mesquita funciona como monumento
histórico e pode ser visitada.
Mesquita Mohamed Ali.
DO CAIRO PARA ASWAN
Uma viagem ao Egito precisa incluir, além do Cairo, as
cidades de Luxor e Aswan e se possível, um cruzeiro de 2 ou 3 dias pelo Nilo
para ir de uma até a outra com várias paradas em sítios arqueológicos
impressionantes no caminho.
A EgyptAir tem voos regulares do Cairo até Aswan, com
duração de uma hora e meia. Aswan fica 900 quilômetros ao sul do Cairo quase na
divisa com o Sudão. Viajar de carro pelo Egito não é recomendado. Ao chegar no
aeroporto de Aswan tenha um transfer agendado pois não há Uber, apenas alguns
motoristas de taxi que cobram preços aleatórios.
O QUE FAZER EM ASWAN
Essa é a melhor cidade do Egito para curtir uns dias de
descanso às margens do Nilo. Hospede-se no histórico hotel Sofitel Legend Old Cataract e você vai entender sobre o que estou falando. Escolha a suíte 1120,
da ala antiga e sua viagem ganhará contornos inesquecíveis. Você vai se sentir
entrando num filme de Agatha Christie. O hotel fica às margens do Nilo, na
parte mais bonita do rio onde tem ilhotas salpicadas de palmeiras e por onde
barcos à vela ziguezagueiam para lá e para cá. Além disso, um dos templos mais bonitos do Egito fica numa ilha de Aswan, o Templo de Philae.
Para saber mais sobre esse hotel maravilhoso entre no link a seguir: SOFITEL LEGEND OLD CATARACT
E quer saber mais uma curiosidade? Aqueles obeliscos enormes encontrados em Paris, Londres e Roma, incluindo aquele famoso do pátio do Vaticano saíram todos de uma pedreira de granito de Aswan que abastecia o Egito e a Europa. O local hoje é chamado de Obelisco Inacabado por manter há centenas de anos no chão, um obelisco que rachou e não pode ser aproveitado.
Para saber mais sobre esse hotel maravilhoso entre no link a seguir: SOFITEL LEGEND OLD CATARACT
Vista da varanda do Sofitel Legend Old Cataract.
E quer saber mais uma curiosidade? Aqueles obeliscos enormes encontrados em Paris, Londres e Roma, incluindo aquele famoso do pátio do Vaticano saíram todos de uma pedreira de granito de Aswan que abastecia o Egito e a Europa. O local hoje é chamado de Obelisco Inacabado por manter há centenas de anos no chão, um obelisco que rachou e não pode ser aproveitado.
Recomendo que fique dois ou três dias em Aswan, antes de
embarcar no cruzeiro até Luxor. Inclua no seu roteiro em Aswan:
- Templo de Philae, dedicado a Ísis, a deusa do amor
- Obelisco Inacabado, pedreira de onde eram retiradas as rochas e os obeliscos que abasteciam o Egito e a Europa
- Vilarejo núbio
- Passeio de felucca (barco à vela) pelo rio Nilo avistando a ilha de Elefantina e o Mausoléu de Aga Khan
- Se tiver interesse, conheça a Grande Barragem construída para domar a fúria do rio Nilo e abastecer a região de água e eletricidade
O INCRÍVEL TEMPLO DE PHILAE
Eis um dos sítios arqueológicos mais surpreendentes do
Egito. Philae era uma ilha localizada a sete quilômetros do centro de Aswan,
onde havia um templo dedicado a Ísis, deusa do amor e da fertilidade. O templo
foi construído durante a dinastia Ptolomaica, a dinastia Macedônia que
governou o Egito de 305 a 30 a.C. após o comando de Alexandre, o Grande. Essa
dinastia teve muito respeito pela cultura egípcia antiga e adotou várias
divindades da mitologia. Assim, o faraó Ptolomeu II decidiu construir um templo
dedicado à deusa Ísis.
Com a construção da barragem de Aswan em 1950, a ilha
começou a submergir e o templo corria o risco de desaparecer. Como parte de um
projeto da UNESCO para preservar o sitio arqueológico, em 1970 ele foi desmembrado
em 40 mil peças e totalmente transferido para a ilha vizinha de Agilika, onde
está hoje.
Templo de Philae dedicado a deusa Ísis.
Os barquinhos partem de um vilarejo núbio para ir ao Templo de Philae.
Chegar ao templo já garante uma certa magia. É preciso tomar
um barquinho para fazer uma travessia de cinco minutos. Além disso, o templo é
cercado de lendas. Ísis (a deusa do amor) era casada com Osíris seu irmão (deus
da vida além da morte) e tiveram um filho, Hórus (deus dos céus, deus da ordem).
Set (deus do caos, deus da desordem) e também irmão de Ísis e Osíres, sentia
muito ciúme de Ísis e decidiu matar Osíres. Mandou construir um sarcófago com
as medidas do irmão e num certo dia desafiou os presentes a entrarem ali para
ver quem cabia. Vários entraram e não couberam. Na vez de Osíres, o sarcófago
foi fechado imediatamente e jogado no rio Nilo. Ísis entrou em desespero e
começou a procurar pelo marido-irmão. Quando Set soube que o corpo tinha sido
encontrado, mandou esquartejá-lo e espalhar os pedaços pelo Egito. Ísis
conseguiu reunir todas as partes, com exceção do pênis que havia sido comido
por um peixe. Ela fez um outro a partir de uma planta e mumificou o corpo.
Dizem que a tradição da mumificação vem daí. A lenda diz que as lágrimas de Ísis provocaram
a primeira enchente do Nilo. Mais tarde, Hórus matou Set para vingar o pai. E
toda a história está registrada nas paredes do Templo de Philae. Também dizem
que Cleópatra costumava frequentar o templo em reverência à deusa do amor. Não
é uma história incrível?
A noite tem um show de som e luzes no templo que dizem ser
lindo. Não cheguei a conferir. Estive duas vezes no templo, uma de manhã
cedinho e outra ao entardecer.
Ísis, deusa do amor.
Para os viajantes mais independentes, categoria na qual me incluo, é preciso tomar um taxi, negociar para que ele espere até seu retorno e tomar um barquinho até o templo. Muitas empresas tem operação com guia e motorista para conduzir grupos de visitantes de forma mais cômoda. Só depende do seu perfil.
No dia seguinte embarquei num cruzeiro de quatro dias de Aswan até Luxor. Optei pelo barco Nile Adventurer Sanctuary, da empresa Sanctuary Retreats, por ser menor e mais exclusivo. Adorei a escolha.
No dia seguinte embarquei num cruzeiro de quatro dias de Aswan até Luxor. Optei pelo barco Nile Adventurer Sanctuary, da empresa Sanctuary Retreats, por ser menor e mais exclusivo. Adorei a escolha.
Conto no próximo post.
Amei ! Eu não consegui ler tudo ainda (mas vi tudo :-) ) e me apressei em interagir como mais um singelo incentivo a vocês. Poucas mídias fizeram ou fazem algo tão didático, informativo e especialmente agradável como vocês. Parabéns.
ResponderExcluirAri Batista Neto
Obrigada pelo comentário tão motivador. É muito bom receber esse retorno.
ExcluirAgradeço demais a gentileza.
Claudia
Obrigada Amei , muito lindo e obrigada pelo comentário poucas mídias fazem uma publicação tão didática e motivador.
ResponderExcluirAgradeço Parabéns.
Vergínia
Muito obrigada, Verginia.
ExcluirQual e o nome da estátua
ResponderExcluir