A VIDA DUPLA DE SAINT-MARTIN / SINT MAARTEN


Metade Holanda e metade França. Se por um lado Sint Maarten é festeira e animada como os holandeses, por outro Saint-Martin é um pouco mais sossegada e dona de uma gastronomia de alma francesa. Essa ilha caribenha de apenas 87 quilômetros quadrados tem um caso declarado de dupla personalidade. É que cada parte ficou com uma nacionalidade diferente e têm traços visivelmente distintos.

Mapa de Saint-Martin/Sint Maarten.

Reza a lenda que para delimitar o território, um holandês acompanhado de um copo de rum e um francês munido de uma garrafa de vinho resolveram sair andando cada um para um lado da ilha e no ponto onde se encontrassem demarcariam o limite de cada país. Mas parece que alguma coisa saiu fora do combinado, pois os holandeses ficaram com 34 quilômetros quadrados de território e os franceses uma parte mais extensa, de 53. A versão francesa conta que o rum era tão forte que fez o holandês dormir no caminho e por isso a maior parte coube aos franceses. Já a versão holandesa diz que o francês deu uma de esperto e correu em vez de caminhar. Em quem acreditar?

Pelo sim, pelo não, resta a certeza de que as praias são o forte da ilha. Mais de trinta. Mas uma delas, Maho Beach, do lado holandês, é famosa no mundo inteiro. Não por ser a mais bonita. Mas por protagonizar manobras eletrizantes de pouso no Aeroporto Internacional Princess Juliana. Imagino que você já tenha visto alguma foto de um avião imenso pousando pertinho da praia lotada de gente. Todos os dias a galera se concentra ali para tentar um clic perfeito.

Maho Beach.

A ilha tem fama de ser uma das mais populares do Caribe. Tem preços convidativos e atrai uma legião de festeiros. No entanto, tem o estigma de não ser um dos destinos mais seguros do Caribe nem dos mais sofisticados. Sua arquitetura é marcada por prédios coloniais baixos coloridos, bem ao estilo caribenho e o trânsito costuma ser intenso.

 Tom caribenho

No alto do morro, o Fort Louis criado para defender a ilha de ataques piratas.

Senti isso na pele ao chegar na ilha que fiz apenas de “hub”, o jargão usado na aviação para falar sobre um ponto que é um centro de distribuição de voos. No caso, para chegar a Anguilla e St. Barth precisei passar por Saint-Martin e Sint Maarten pois não havia voos diretos. Cheguei no aeroporto do lado holandês e saí de barco pelo lado francês.

Porto de Marigot.

No pouco tempo que permaneci na ilha, duas tardes, percebi com nitidez a mistura da gastronomia (francesa, caribenha, holandesa), das moedas (a oficial é o euro, mas muitas lojas e restaurantes utilizam habitualmente o dólar) e de idiomas (o oficial é o francês, mas é fácil comunicar-se em inglês e em espanhol.

Para ir de um lado para outro não há nenhuma restrição ou controle militar. A ilha é democrática.

Aproveitei o tempo livre para almoçar no Vesna Tavern, um restaurante francês com influência grega, de ambiente simples e comida maravilhosa.

Um dos melhores hotéis da ilha é o Belmond La Samanna, onde fica o badalado restaurante Trellis. No momento ele passa por obras para se recuperar dos estragos sofridos em setembro de 2017, assim como o Le Temps de Cerises e o Le Shambala, em Grand-Case.

Belmond La Samanna. Foto divulgação.

Infelizmente, o furacão Irma, de categoria 5, devastou 95% das estruturas do lado francês, 75% do lado holandês. Os estragos foram horrendos na ilha. Dez mortes foram registradas. Barcos quebrados, árvores arrancadas, casas destelhadas e o aeroporto agora está operando de modo improvisado, com tendas montadas do lado de fora para abrigar os passageiros antes do check in. Por isso, nesse momento a ilha está muito fragilizada. Povo guerreiro que merece nosso respeito! Que a vida volte logo ao normal. Desejo boa recuperação!


Os estragos causados pelo furacão Irma ainda podem ser vistos pela ilha.

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