CASA TURQUESA E O MELHOR DE PARATY
As badaladas do sino da igreja ecoavam pelas vielas coloridas de Paraty me fazendo voltar no tempo. O pequeno vilarejo fincou pé entre o rio, o mar e a montanha, numa baía protegida e de pesca farta, no século XVI. Desde então, vive sem pressa. E sem pressa eu sigo o caminho até a Casa Turquesa, no coração do centro histórico, onde Tetê Etrusco acena emoldurada de azul.
Essa mulher forte, linda, cidadã do mundo, bailarina, brasileira de alma francesa trouxe brilho e elegância a Casa Turquesa. Depois de morar 12 anos em Paris e na Provence escolheu Paraty para prender as amarras. Da paixão pela cidade nasceu o desejo de criar um hotel-boutique. Garimpou com cuidado até encontrar o casarão perfeito, um exemplar impecável da arquitetura colonial, em frente ao icônico porto. Ali nascia, em 2008, a premiadíssima Casa Turquesa Maison d’hôtes, um dos primeiros hotéis de luxo a se estabelecer em Paraty.
O trabalho de restauração foi desafiador e cuidadosamente orquestrado pelo arquiteto Renato Tavolaro. Levou mais de 5 anos. E fez valer todo o esforço. O antigo casarão do século XVIII, que sofreu com um incêndio na década de 70, ganhou ar contemporâneo e vida nova. É um verdadeiro reduto de serenidade pensado nos mínimos detalhes para trazer experiências marcantes. Desde o toque de seda dos lençóis até a rusticidade das paredes de pedra impregnadas de história.
A Casa Turquesa é um recorte fiel da singularidade de Paraty. As inundações regulares das vielas de pedra "pé de moleque", construídas propositadamente em declive como sistema de escoamento, explicam a elevação do casarão sobre o passeio e o motivo das galochas que esperam a hora certa para sair do armário da suíte.
O fenômeno é curioso e pode ser observado diariamente quando a maré sobe e lava as ruas desde uma época em que o sistema de saneamento era precário. Desse modo, os dejetos eram levados para o mar.
Ainda hoje, a cidade passa por esses alagamentos diários, mais evidentes no período de lua cheia. Isso mostra como as ruas de Paraty são vivas. Preste atenção aos pequeninos caranguejos que aproveitam esse vai e vem da água para circular entre as pedras.
A entrada da Casa Turquesa é discreta. Portas em linhas retas, típicas do período colonial, pintadas em azul dão as boas-vindas. Ao entrar, um amplo lounge conjugado com a piscina, com o gazebo, bar, jardim e com a biblioteca recebem os hóspedes com ar intimista. Mas antes, deixe os sapatos vindos da rua numa cestinha da cor da sua suíte e calce as sandálias Havaianas turquesas que Tetê já deixa no tamanho exato esperando por você.
As nove suítes, divididas entre máster e luxo, são identificadas por diferentes cores. Minha cor: marrom. A decoração não tem como ser mais cuidadosa, sempre respeitando a cor que nomeia a acomodação. O contraste da madeira do chão e dos móveis, com os lençóis impecavelmente brancos, é incrível. Camas que abraçam literalmente, com grandes mosquiteiros e lençóis Trussardi, de puro algodão egípcio 600 fios.
A iluminação das suítes é maravilhosa. Nos banheiros há uma claraboia de vidro que deixa a luz natural entrar. E o projeto da casa foi feito de modo a aproveitar ao máximo a brisa que vem do mar para reduzir o uso de ar condicionado.
E os mimos? Sobre o sofá, um chapéu de palha para cada hóspede, ao estilo caiçara-chic com detalhes bordados em turquesa pelas bordadeiras da praia do Sono. No closet, bolsas de palha e toalhas de praia para serem usadas nos passeios pelo mar verde esmeralda de Paraty e pelas tantas cachoeiras; além das galochas que já citei acima, para caminhar sem medo quando a maré subir; e, um bilhetinho carinhoso desejando uma boa estada.
No banheiro, roupões deliciosos, toalhas cheirosas, uma ducha fortíssima para o banho e amenities Granado. A preocupação com a sustentabilidade é visível e a inclusão de produtores locais faz parte da filosofia da Casa Turquesa.
O café da manhã além de ser delicioso pode ser servido em qualquer horário solicitado, não deixe de provar as rabanadas. Dos deuses. Aliás, o chá da tarde também merece respeito com seus bolinhos caseiros saindo ainda quentes do forno pontualmente às 17 horas.
Quer saber os segredos das madeleines e dos bolos? Tetê lançou um livro com seu repertório de culinária afetiva.
Paraty é puro encanto. Caminhar pelas ruas por si só já faz parte do programa. Seu casario branquinho, com janelas e portas coloridas, cheias de simetria, criam um ambiente mágico. Dizem por lá que a semelhança das casas e as ruas “tortinhas” eram ferramentas de defesa na época de sua construção. Talvez você se perca. E isso faz parte da caminhada. Assim você descobrirá muitos cantinhos charmosos.
Hoje, além de cada pedra da cidade contar uma história, afinal elas eram trazidas de Portugal nos navios e eram trocadas por ouro, o vilarejo figura como pólo cultural nacional. Paraty abriga importantes festivais anuais de literatura, jazz, teatro e também tem uma quantidade enorme de artistas independentes com belos ateliês.
O hotel fica onde tudo isso acontece. Está a alguns passos da Igreja de Santa Rita, ao lado do Teatro de Marionetes de Paraty, da Casa de Cultura, em frente ao porto, pertinho de vários restaurantes premiados e estúdios de arte, incluindo as tradicionais cerâmicas da região.
TETÊ INDICA
Abaixo as dicas de quem conhece Paraty como a palma da mão.
Não dispense um passeio de barco para mergulhar em uma das tantas enseadas da região. Tetê conhece muitos barqueiros e terá o maior prazer em indicar uma pessoa de sua confiança. As paisagens são de tirar o fôlego. A Ilha da Comprida é um verdadeiro aquário a céu aberto, a Ilha da Cotia é belíssima, o Saco de Mamanguá abriga um fiorde tropical, e isso só para dar alguns exemplos da beleza desse mar.
O Saco de Mamanguá fica em Paraty Mirim e pode ser acessado por trilha, caso você goste de caminhar. Aproveite para ir até a Praia do Sono, Antigos e Antiguinhos.
Suba até o Le Gite d'Intaiatiba para um banho de cachoeira de lavar a alma. Almoce por lá com a chef Valeria dona do pedaço e que capricha na cozinha franco-mineira.
Faça uma trilha com guia até a Cachoeira do Saco Bravo que é linda, mas tem acesso difícil. Sensaciconal.
Almoce na Fazenda do Bananal, restaurada recentemente e que tem um restaurante delicioso, que utiliza na cozinha produtos orgânicos da própria fazenda.
Visite as comunidades caiçaras.
Pratique arvorismo, tirolesa, passeie a cavalo, faça aulas de cerâmica.
Visite um dos tantos alambiques de Paraty nos arredores da cidade, como Maria Izabel ou Paratiana.
PARA O HAPPY HOUR
Tetê sugere o “Dry Turquesa” ou uma caipirinha com a “cachaça da casa”, no bar da Casa Turquesa.
Outras dicas são o Apothek (na Pousada do Sandi), Casa Coupê Bar, Paraty Wine, Camoka Bar em frente a Casa Turquesa e Margarida Café.
PARA COMER BEM
Banana da Terra. A chef Ana Buena capricha na cozinha caiçara sofisticada. É um dos restaurantes mais concorridos da cidade.
Quintal das Letras. Tem cozinha brasileira contemporânea num ambiente super gostoso.
Bartholomeu. Serve uma moqueca com banana bem famosa em Paraty.
Pupu’s Peixe Panc. Restaurante novo, de cozinha asiática com toque caiçara.
Punto di Vino, italiano com pizzas e massas deliciosas.
Pippo. Do mesmo dono do restaurante acima, italianinho com pegada mais sofisticada e com música ao vivo.
Refúgio. Lugar descontraído e agradável, em frente à Casa Turquesa, com mesas na rua. Prove o camarão casadinho, típico de Paraty.
Thai Brasil. Para sentar sem pressa e curtir a cozinha tailandesa.
FORA DO CENTRO
Via Marine. Restaurante comandado pelo chef Luciano, na Marina 188. Tem vista linda para o centro histórico.
Armazen Mar. Também na marina. Fica na Marina do Farol. Boa comida e astral gostoso.
La Luna. No final da praia de Jabaquara é de um argentino que faz boas carnes na parilla e também tem bons peixes.
Restaurante da Catarina. É boa pedida para um passeio de barco ou para quem quiser encarar 25 quilômetros de carro para comer num restaurante pé na areia.
Gastromar. A chef Gisela comanda não só esse restaurante de astral e comida deliciosa na Marina, como oferece experiências gastronômicas ao mar pela baía com grupos exclusivos de 2 a 18 pessoas na sua traineira de 50 pés.
PARA IR ÀS COMPRAS
Livraria das Marés, com café no fundo
Atelier de joias e fotografias Patrick Allien
Atelier Aurélia Cerulei
Atelier Patrícia Sada (o favorito do nosso amigo Carlos Alberto Parreira)
C.A.N.O.A arte indígena
Arte Brasil, decoração e vestuário
Do lixo ao luxo, antiquário
Recanto do Pinto, vizinho da Casa Turquesa, com redes lindas
Corumbe, decoração e artesanato
Boutique da Casa Turquesa
ENFIM...
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