PINTANDO O MEU QUADRO SOBRE PHUKET


Fazia tempo que as praias do sul da Tailândia vinham atiçando minha curiosidade. Phuket. Ko Phi Phi. Krabi. Ko Samui... Esses nomes soavam feito música aos meus ouvidos. Confesso que eu olhava no mapa, lia sobre a região, via fotos, conversava com os amigos e não conseguia pintar o “meu” quadro. Cada um dizia uma coisa. As informações não batiam. Alguns pareciam maravilhados com o que chamavam de “paraíso”. Outros se mostravam assustados com a palavrinha “tsunami”. Os safadinhos riam ao contar sobre os shows de “ping pong” com as demonstrações inusitadas de pompoarismo e onde as moças ofereciam todo tipo de “massagem”. Já, a galera do sossego apontava Leonardo di Caprio como o culpado pelos ataques turísticos. Diante disso, não restava outra alternativa senão conferir com meus próprios olhos.

A charmosa prainha Laem Sing (abaixo)  e ao fundo a praia de Kamala.

PRIMEIRO É PRECISO ENTENDER A REGIÃO

O sul da Tailândia é um estreito que tem de um lado o Mar de Andaman onde ficam Phuket, Ko Phi Phi e Krabi e do outro o Golfo da Tailândia, que tem em Ko Samui sua principal estrela, além das também badaladas Ko Tao e Ko Phangan. Olhando no mapa, tudo parece pertinho. Mas, na verdade para se locomover de uma ilha para outra é preciso ir de barco e os trajetos nunca levam menos de uma hora e meia. Os deslocamentos são demorados e muitas vezes sem conforto. 

Mapa do sul da Tailândia.

Tanto no mar como no golfo há centenas de ilhas espetaculares formadas por imensas rochas  muito peculiares cercadas por águas cristalinas em diversos tons de azul. Além disso, o mar tem temperatura muito convidativa, o que atrai milhares de turistas, especialmente europeus fugindo do rigoroso frio do inverno que coincide exatamente com a alta temporada das ilhas do Mar de Andaman. Portanto, não pense que você vai ter esse paraíso exclusivamente para você. Não vai mesmo! Esteja preparado para não se frustrar. É gente saindo pelo ladrão. E, gente de todas as tribos. 

Patong é a praia mais concorrida de Phuket. Pensou que ia ter praias só para você? Se enganou...

DOS HIPPIES AO TSUNAMI

Na verdade, antes do Leonardo di Caprio desembarcar em Ko Phi Phi com toda a sua trupe para gravar o filme A Praia, que foi o que realmente lançou a região ao estrelato, os hippies já haviam descoberto Phuket, nos anos 70. E tudo ia de vento em popa até que o tsunami de 2004 deu uma bagunçada no paraíso. Isso já faz dez anos, é difícil que aconteça novamente. Mesmo assim, ao olhar tantas placas de frente para aquele marzão azul indicando rotas de evacuação é impossível controlar os pensamentos e não lembrar dos arroubos da natureza. Pois, tremores de terra acontecem naqueles mares e ondas gigantes podem se formar novamente. Mas, o trauma já passou e os turistas voltaram com força total. E que força!!! Maior do que um tsunami.

Ups. Essas placas dão frio na barriga. Especialmente, quando vira o tempo.  

Ao redor de Phuket é que ficam as tais ilhotas paradisíacas que valem a viagem. Mas, esteja preparado para os deslocamentos. Para ir a James Bond Beach, por exemplo, é preciso andar de carro por uma hora e depois mais uma hora de barco. Para um bate e volta à Ko Phi Phi são 40 minutos de carro mais duas horas de barco. E, lembre-se, o mar está sujeito a virar a qualquer momento. Os ventos das monções são traiçoeiros. Escolha embarcações seguras e sempre com GPS.

A INFLUÊNCIA DAS MONÇÕES

Um dos pontos mais importantes na programação de um viagem é justamente escolher a melhor época. Esse cuidado deve ser redobrado quando o destino é "praia" e, triplicado quando se trata de um país sujeito aos caprichos das "monções", como é justamente o caso da Tailândia. Leia "monções" como: ventos fortes + chuva intensa por períodos prolongados. Imagine a frustração de viajar quase 20 horas de avião pensando que vai desembarcar no paraíso, pegar uma semana de chuva intermitente e ainda ficar tenso com a possibilidade de um tsunami. Portanto, fica a dica, escolha a época da viagem com muito carinho.

IMPORTANTE: É interessante observar que a melhor época para se conhecer as praias de um lado e do outro, ou seja do Mar de Andaman e do Golfo da Tailândia, são diferentes. Para ir à Phuket, Ko Phi Phi e Krabi a melhor época vai de novembro a fevereiro. E, para ir à Ko Samui de fevereiro a abril

Saiba que o tempo pode virar em segundos, mesmo fora do período de monções. E... você pode precisar ser resgatado no mar por um trator em plena chuva.

PHUKET, APENAS UMA BASE PARA A EXPLORAÇÃO DA REGIÃO

Escolhi Phuket, no mar de Andaman para começar minha exploração pelo sul da Tailândia. Phuket está 900 quilômetros ao sul de Bangkok e é considerada a maior ilha do país. Na verdade, é uma ilha como Florianópolis, conectada ao continente por uma pequena ponte. Nem parece uma ilha. É enorme e cercada de praias lotadas. Para ir de norte a sul se leva mais de uma hora dependendo do trânsito. E o trânsito é caótico. Na minha percepção, Phuket deve ser um destino escolhido apenas para servir como base para se explorar a região (levando-se em consideração que suas praias não são tão interessantes assim e a aglomeração é desanimadora). E, ainda assim, pensando bem provavelmente eu escolheria como base Krabi se fosse novamente pro sul da Tailândia (o que acho pouco provável). 

Mapa de Phuket.

Phuket é vendida como o destino mais luxuoso e fervilhante da Tailândia. E vou te contar que eles se vendem muito bem. Vôos diretos partem em muitos horários dos dois aeroportos de Bangkok. Preste atenção de qual aeroporto você vai sair, especialmente se tiver a intenção de deixar alguma bagagem no aeroporto. Pois, carregar malas pelas ilhas é a maior roubada do mundo. E, Bangkok tem dois aeroportos: Suvarnabhuni BKK (maior deles) e o Don Mueang DMK (menor). Fique esperto para não se enrolar no retorno.

AS PRAIAS DE PHUKET

Para conhecer a ilha, que é grande, é preciso alugar uma carro de mão inglesa, uma moto ou contratar um motorista de taxi por hora. Minha opção foi o aluguel de um taxi por 15 dólares/hora. É preciso um dia inteiro para explorar tudo e escolher a sua praia. Do lado oeste da ilha concentram-se as melhores praias.

A praia mais sossegada é Mai Kao, no Parque Nacional Sirinart. Uma praia extensa, vazia, perfeita pra longas caminhadas em paz. Ali concentram-se alguns dos melhores hotéis de Phuket. A seguir vem as praias de Laguna, Surin, Laem Sing (uma enseada escondidinha, linda) e Kamala. Conforme se vai descendo, o número de pessoas vai aumentando nas praias.

 Mai Kao é para quem quer sossego em Phuket.

Em Surin o templo é mais interessante do que a praia.

Laem Sing, um cantinho escondido e delicioso em Phuket.

A bagunça corre solta, dia e noite, no centro-oeste da ilha. A praia de Patong é o ponto de encontro mais animado. Digamos que tenha grande semelhança com Copacabana. Por vários motivos: é a mais movimentada, a mais conhecida, a mais extensa, tem hotéis de todos os tipos, comércio bem desenvolvido. É onde a noite ferve e  o turismo sexual se revela sem nenhum constrangimento. Não consegui ficar nem meia hora por ali. A noite é uma loucura entre boites, casas de massagem e shows de “lady-boys”. Na Bangla Road tudo é permitido. Tudo mesmo. Literalmente, essa não é a minha praia. Como diria Renato Russo: “festa estranha com gente esquisita...”.

Patong Beach, Phuket.

No sul da ilha vale conhecer Karon, Kata Beach, Kata Noi, Rawai e a extensa praia de Chalong que tem um astral mais familiar. Se for hora  do almoço vale fazer uma pausa no pier de Chalong, no restaurante Kan Eang (e vou ser bem sincera, o restaurante vale mais pelo visual que se tem de Chalong do que pela comida). E para finalizar, por do sol em Nai Harn Beach.

Baía de Chalong. Endereço do restaurante Kan Eang. 

ONDE IR EM PHUKET

Realmente, Phuket é bem democrática. A ilha oferece programas para todas as pessoas, de todas as idades e com todas as intenções. Além das praias, da noite badalada de Bangla Road, dos cabarets de Patong, da irreverência de Phuket Town, dos shows de "lady-boys", há muitos templos lindos (Wat Chalong é o mais importante), o recente Big Buddha, o parque de águas FantaSea para quem viaja com crianças, passeios de elefante, apresentações de Muay Thai, Jardim Botânico, Zoológico, Borboletário, Parque de Pássaros, Cachoeira Ton-Sai, Parque de Tigres (onde eles juram que não dopam os tigres, mas tenho sempre minhas dúvidas?!?) e massagens de todo tipo.

O Big Buddha fica no alto da Montanha Nakkerd, em Phuket. Tem 45 metros de altura.

No caminho para o Big Buddha há vários lugares onde se pode passear ou alimentar os elefantes. 

Vale lembrar que antes do turismo explodir em Phuket, a ilha era ponto de encontro de mineradores e comerciantes vindos de vários países da Ásia: chineses, nepaleses, indianos... A herança deixada pelas ruas mostra rastros de prostituição, jogatina, ópium. Soi Rommanee era o distrito da luz vermelha. Continua como um forte ponto de atração turística e parece que influenciou bastante o astral de Phuket. Troque o Ph da palavra por F e tenha uma tradução perfeita do que esperar dessa "ilha da fantasia".

Soi Rommanee, em Phuket Town. 

UM CANTINHO PRA CHAMAR DE MEU

O norte da ilha é onde se pode ficar com mais tranquilidade. Há hotéis mais familiares e menos tumulto. Fiquei hospedada no Anantara e gostei muito. (Se Phuket não teve muito a minha cara pelo menos o hotel era um oásis.) São 91 bangalôs super luxuosos, enormes e muito bem decorados em estilo thai rústico-elegante. Cama com dossel e almofadões de seda dão um clima super aconchegante. O janelão de vidro do quarto se abre diretamente sobre a piscina. Dentro da piscina tem uma banheira de água quente que no final do dia aguardava preparada com sais de banho, velas e pétalas. Ainda há um gazebo sobre o mangue repleto de flores de lótus perfeito para um descanso, para um momento de meditação ou mesmo para curtir uma boa leitura. Um charme. O hotel é super romântico. À noite, os caminhos são iluminados por tochas. Esse foi o ponto alto de Phuket.

Hotel Anantara, um oásis em Phuket.  

 Quarto ultra aconchegante e com decoração perfeita.

Cada quarto do hotel Anantara tem um gazebo sobre um lago repleto de flores de lótus. 

Ao entardecer tochas e velas iluminam o hotel todo. 

UM RESTAURANTE IMPERDÍVEL EM PHUKET

 Outro ponto alto nessa região é o restaurante super rústico, simples, barato e maravilhoso Kin Dee, da chef Ton Pinappa. Ela foi eleita como uma das melhores chefs do país. Merecidamente. Tudo no restaurante é delicioso. Esse vai ficar na minha lembrança como uma das boas experiências de Phuket. Ela costuma dar aulas de culinária para quem quiser aprender um pouquinho sobre a alquimia tailandesa por um preço ao redor de 200 reais por pessoa.

ASSIM FICOU O MEU QUADRO

Definitivamente, matei a curiosidade de conhecer Phuket. Passei três dias num lugar que eu diria "viu... está visto". Não pretendo voltar. Trouxe ótimas lembranças do hotel Anantara, um oásis onde fiquei no norte da ilha, longe da muvuca. Adorei o restaurante Kin Dee, a praia Laem Sing, os templos e os parques de elefantes. No mais, tive dificuldade de encontrar as praias paradisíacas que ouvi falar. Será que estou exigente demais pelo fato de ter Angra com suas 365 ilhas e Búzios com suas prainhas charmosas a apenas duas horas de carro da Cidade Maravilhosa? O fato é que essa não é a minha praia. Não gosto de lugares cheios. E além disso, prefiro o dia do que a noite. Vida noturna definitivamente não me enche os olhos, principalmente quando a marca é o turismo sexual. Se sua intenção for escolher um lugar para servir como base para a exploração das ilhas opte por Krabi. Mas, se seu forte é vida noturna e se você gosta de praias repletas de gente, essa pode ser "a sua praia".

Assim é Phuket.

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COMENTÁRIOS

  1. Oi Claudia

    Mais uma viagem incrível, hein! Tenho uma amiga do Chile que viajou sozinha para Phuket há alguns anos e ficou encantada! Pelo que você descreveu tão bem, eu preferiria ficar mais ao norte da ilha, sou avessa a multidões (e confusões, rs). Mas num ponto você tem razão, com tantas praias maravilhosas que temos aqui no Brasil, fica realmente difícil encontrar alguma outra paradisíaca por aí.......

    Mil beijinhos e bons ventos sempre!

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  2. Claudia, adorei sua foto com o elefante! Ficou muito linda! Beijos!

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  3. Bia,

    Imagino que Phuket tenha mudado muito nos últimos tempos. Uma avalanche de turistas europeus vem atacando a ilha. As pessoas me disseram que não era assim. Fiquei chocada com a quantidade de visitantes. Confesso que esperava encontrar um lugar mais tranquilo.

    Beijos

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  4. Ah, Regina!

    Sou completamente louca por elefantes. Quando criança meu sonho era ter um elefantinho de estimação. Rs. Fiquei doida com esse filhotinho.

    Bj

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  5. Claudia,

    Há tempos estamos planejando uma viagem ao sudeste asiático. Por um motivo ou outro, ela ainda não aconteceu.
    Estou muito curiosa para saber sua percepção sobre esses lugares, em especial o Camboja, que está no topo de minha lista, hoje.
    Sempre falamos que não iriamos conhecer o litoral da Thailândia. Agora tenho mais certeza que nunca!
    Ansiosa pelas próximas postagens.

    Beijos,
    Andressa

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  6. Andressa,

    Adoro Bangkok. Mesmo sendo uma cidade enorme tem muita personalidade. É quente. É cheia de gente. Mas, é maravilhosa. Os templos são lindos, a comida é fantástica, tem excelentes hotéis com spas espetaculares. Já, o sul da Tailândia deixou a desejar. Gente demais, mas não gente da terra, pois se fosse seria perfeito. Europeus vindo atrás de um lugar para se divertir. Baagunça, sujeira. As ilhas legais são distantes umas das outras o que demanda tempo e uma logística complicada. Os barcos não são legais. E é preciso usar bons barcos pq o tempo pode mudar a qquer instante devido às monções. E isso é sério. Olha, para você que adora o Tahiti indico outras praias. Maldivas, Maurícios, Seychelles, Fiji, Filipinas...

    O Cambodia é espetacular!!!!!! Vou escrever em breve.

    Amei sua viagem ao Tahiti. Vou copiar esse roteiro e os hotéis.

    Beijos

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  7. Estive recentemente na Tailândia e adorei as praias, muito mais pelas belezas naturais, a cor da agua e temperaturas, para mim foi um sonho, tudo que vi foi tão ou mais bonito que nas fotos que eu via até então. Porém preferi ficar em Krabi e de la fazer os passeios e conhecer a maioria das ilhas. Poda Island foi minha paixão à primeira vista!
    Eu tinha medo desse lado "turismo sexual", mas esse ponto não chegou a me perturbar, achei inclusiv e as noites "muito calmas". Com exceção de Bangkok, tudo fechava cedo, às 21h jah era dificil encontrar um restaurante aberto e as 22h quase ninguém na rua... Bom, mas no total fiquei pouco mais de 3 semanas e tentei evitar Patong, que nunca me interessou.

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  8. Milena,

    Você ficou em Krabi. Fez a coisa certa. Phuket está turística em excesso. As ilhas realmente são lindas. Mas, a quantidade de pessoas é uma loucura.

    Beijo

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  9. UAu, meu sonho sempre foi conhecer a Tailandia. Parabens pela materia, me animou ainda mais!

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  10. Olá, Claudia,

    Muuuiiitooo legal o seu blog! Eu e meu esposo iremos à Tailândia agora em março e estamos um pouco preocupados com a comunicação por lá, já que não dominamos a língua inglesa. Vc acha possível a gente se virar por lá sem um guia? Conhece algum que fale português ou espanhol? Abraços. Fabi.

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  11. Fabi,

    Hoje em dia com um telefone e internet que faça a tradução do que precisa, você se vira em qualquer lugar, com qualquer língua. Não deixa que a barreira de comunicação atrapalhe a viagem.

    Não conheço nenhum guia em Phuket. Mas, vai falando o que conseguir, faça gestos, aponte, mostre no mapa e vá em frente.

    Boa viagem!

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  12. muinto obrigado pelas "dicas", vou para phuket em Janeiro 2016 e claro e as ilhas ao redor.ja ouvi dizer que chegando la encontra vaga no hotel,sem marcacao previa.e eu estou na duvida, se marco os 20 dias em que vou la estar, ou se marco so 2,3 dias e dps vou me aventurado??!!!

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