PELA ESTRADA, DE BISHKEK A KARAKOL
O forte da República do Quirguistão é indiscutivelmente sua beleza natural. Noventa por cento do território é composto por altas montanhas, algumas delas com picos de mais de 7 mil metros e neve eterna. Nos vales, córregos e lagos. O cenário é exuberante. Grandioso. Perfeito para aventureiros que queiram praticar trekking. O percurso fica a critério de cada um. As caminhadas podem ser longas com pernoite em yurtas ou curtas, acompanhadas por um carro de apoio. Só depende da vontade do freguês.
Topa dormir numa yurta?
O TRAJETO BISHKEK - KARAKOL
O ponto de partida para a "cereja do bolo" do Quirguistão é a capital Bishkek. E não pense que é pouco chão para alcançar as montanhas. A estrada é longa e tem trechos ruins. Contorna boa parte do Lago Issyk Kul, o segundo maior lago de montanha do mundo que perde apenas para o Lago Titicaca, na fronteira da Bolívia com o Peru. Você vai levar praticamente um dia todo para ir de Bishkek até a decadente cidadezinha de Karakol, na base das montanhas Tian Shan. Esteja preparado para o "chá de assento". São mais de 400 quilômetros. Se não houver nenhuma parada, o tempo de viagem é de pouco mais de 6 horas.
Um pedacinho do gigantesco Lago Issik Kul.
No entanto, as paradas pelo caminho são inevitáveis. O cenário é espetacular e as surpresas se sucedem.
PRIMEIRA PARADA, TORRE DE BURANA
A oitenta quilômetros de Bishkek, no Vale do Chuy, aparece a Torre de Burana. Ela marca o local onde existia a antiga cidade de Balasaqun, que fez parte da Rota da Seda. Ali se estabeleceram os Karakhanidas, no final do século IX, primeira dinastia turcomana de onde descendem algumas tribos do Uzbequistão. Um terremoto, em 1990, colocou abaixo quase tudo que ainda havia no local, sobraram apenas algumas lápides, um mausoléu feito de terra no formato de uma pequena montanha, os restos de um castelo e 25 metros do minarete de uma mesquita que originalmente tinha 44 metros de altura.
A oitenta quilômetros de Bishkek, no Vale do Chuy, aparece a Torre de Burana. Ela marca o local onde existia a antiga cidade de Balasaqun, que fez parte da Rota da Seda. Ali se estabeleceram os Karakhanidas, no final do século IX, primeira dinastia turcomana de onde descendem algumas tribos do Uzbequistão. Um terremoto, em 1990, colocou abaixo quase tudo que ainda havia no local, sobraram apenas algumas lápides, um mausoléu feito de terra no formato de uma pequena montanha, os restos de um castelo e 25 metros do minarete de uma mesquita que originalmente tinha 44 metros de altura.
Torre de Burana e do lado esquerdo um mausoléu.
Observe que o mausoléu parece uma montanha. Ao longo das estradas há muitos Kurganes.
As lápides são bastante curiosas. São grandes pedras arredondadas esculpidas no formato de bonecos, provavelmente entre os séculos VI e VIII, e se chamam Balbas. Essa herança é do período anterior a dominação muçulmana, pois o islã proíbe a representação de formas humanas. Algumas delas, as mais novas, têm apenas inscrições em árabe.
As lápides são esculpidas em pedra no formato de bonecos.
Algumas lápides tem apenas inscrições.
Ao lado do minarete, há um pequeno museu dentro de uma yurta que conta um pouco da história do local. Vale dar uma olhada mesmo sendo um museu bastante singelo. É original.
Museu da Torre de Burana.
Observe o modo como está enrolado o tecido da cortina de entrada da yurta. Quando está como o da foto, enrolado para fora significa que você pode entrar e que está tudo certo no interior da yurta. Quando está enrolado para dentro, sinaliza que há alguma coisa errada acontecendo.
PAUSA PARA ASSISTIR UMA PARTIDA DE KOK BORU
Alguns quilômetros à frente e nova parada. Dessa vez para assistir um jogo típico das tribos nômades das estepes do Afeganistão, mas que também faz parte da vida dos quirguizes. O cruel Kok Boru. Nesse jogo, doze cavaleiros se dividem em duas equipes para disputar quem consegue jogar mais vezes a carcaça de uma ovelha ou bode recém abatido, em uma espécie de gol feito em um poço de cimento coberto por pneus. Os pneus são para evitar que os cavalos, que vem a galope, se machuquem. É um jogo tão bruto que no Afeganistão já foi proibido. No Quirguistão há um grande movimento contra a prática do Kok Boru.
Alguns quilômetros à frente e nova parada. Dessa vez para assistir um jogo típico das tribos nômades das estepes do Afeganistão, mas que também faz parte da vida dos quirguizes. O cruel Kok Boru. Nesse jogo, doze cavaleiros se dividem em duas equipes para disputar quem consegue jogar mais vezes a carcaça de uma ovelha ou bode recém abatido, em uma espécie de gol feito em um poço de cimento coberto por pneus. Os pneus são para evitar que os cavalos, que vem a galope, se machuquem. É um jogo tão bruto que no Afeganistão já foi proibido. No Quirguistão há um grande movimento contra a prática do Kok Boru.
Kok Boru, um jogo típico da Ásia Central.
HORA DE ALMOÇAR NA CASA DE UMA FAMÍLIA QUIRGUIZ
A essas alturas era hora do almoço. Na estrada há poucas possibilidades de locais para comer. Então, paramos na casa de uma família quirguiz para almoçar. Experiência interessante. Os convidados são recepcionados na sala da casa e a família faz artesanato para vender para os turistas que passam por ali. O cardápio inclui os tradicionais pães quirguiz kattama e boorsoks, salada de pepino com tomate, shorpa (sopa), lagman noodles (massa com carne), besh barmak (carne com pedaços largos de massa) e kurdak (carne com batata). A comida tem uma grande influência russa. Muita batata, arroz, carnes e legumes preparados de modo simples, sem muitos condimentos. Pimenta não é o forte dessa região.
OS PETROGLIFOS DE ISSYK KUL
Próxima parada, Museu Histórico de Petroglifos de Issyk Kul no vilarejo de Cholpon Atá. Um lugar interessante às margens do gigantesco lago Issyk Kul, repleto de pinturas rupestres feitas entre os séculos VIII e III a.c. e praticamente sem visitação. É um museu a céu aberto com mais de mil pedras com desenhos de animais. Esses desenhos eram feitos para celebrar rituais e realizar oferendas.
ENFIM, KARAKOL
Por fim, depois de 8 horas de viagem, a pequenina Karakol. Singela e decadente, a cidade repleta de casas em estilo colonial russo serve como base para a exploração das montanhas Tian Shan.
Acompanhe o próximo post para saber as aventuras em Karakol, Altyn Arashan e retorno a Bishkek.
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A essas alturas era hora do almoço. Na estrada há poucas possibilidades de locais para comer. Então, paramos na casa de uma família quirguiz para almoçar. Experiência interessante. Os convidados são recepcionados na sala da casa e a família faz artesanato para vender para os turistas que passam por ali. O cardápio inclui os tradicionais pães quirguiz kattama e boorsoks, salada de pepino com tomate, shorpa (sopa), lagman noodles (massa com carne), besh barmak (carne com pedaços largos de massa) e kurdak (carne com batata). A comida tem uma grande influência russa. Muita batata, arroz, carnes e legumes preparados de modo simples, sem muitos condimentos. Pimenta não é o forte dessa região.
Almoço especial na casa de uma família quirguiz.
OS PETROGLIFOS DE ISSYK KUL
Próxima parada, Museu Histórico de Petroglifos de Issyk Kul no vilarejo de Cholpon Atá. Um lugar interessante às margens do gigantesco lago Issyk Kul, repleto de pinturas rupestres feitas entre os séculos VIII e III a.c. e praticamente sem visitação. É um museu a céu aberto com mais de mil pedras com desenhos de animais. Esses desenhos eram feitos para celebrar rituais e realizar oferendas.
Museu Histórico de Issyk Kul.
Por fim, depois de 8 horas de viagem, a pequenina Karakol. Singela e decadente, a cidade repleta de casas em estilo colonial russo serve como base para a exploração das montanhas Tian Shan.
Acompanhe o próximo post para saber as aventuras em Karakol, Altyn Arashan e retorno a Bishkek.
LEIA TAMBÉM
- UMA INTRODUÇÃO SOBRE O QUIRGUISTÃO.
- 10 COISAS IMPORTANTES SOBRE A ÁSIACENTRAL
- BISHKEK, A CAPITAL DO QUIRGUISTÃO
- ALMATY, A ANTIGA CAPITAL DO CAZAQUISTÃO.
- ASTANA, A NOVA CAPITAL DO CAZAQUISTÃO.
Olá Claudia
ResponderExcluirEste lugar parece mesmo incrível, não! Pena que o maridão aqui não se arrisca a ir a lugares tão "fora" dos clichês turísticos, sniff...Mas tenho um amigo da Fiocruz que esteve no Quirquistão a trabalho e gostou muito. Gostaria muito de conhecer, quem sabe....
Beijinhos e belas viagens!
Bia <°(((<