O SRI LANKA PEDE PASSAGEM
Uma ilha tropical - coladinha na Índia - de paisagens exuberantes
e tão diversas vem atraindo os olhos do mundo depois que a guerra civil teve um
ponto final, em 2009. A paz é recente nessa terra linda que brota no Oceano
Índico, um pouquinho abaixo da linha do Equador. Agora o Sri Lanka sorri aliviado
e cativa os visitantes com suas praias, templos, fauna, parques nacionais, cidades
históricas e simplesmente o melhor chá do mundo. Aliás foi exatamente o “chá do
Ceilão” – um dos tantos nomes desse reino mágico - o que despertou minha
curiosidade.
Uma herança inglesa.
Então, fui conferir com meus olhos essa ilha que já recebeu
tantos nomes ao longo dos séculos (Sinhaladvipa, Ilha do Leão, Silan, Ceilão,
Zeylan, Sri Lanka) e foi declarada por Marco Polo, Ibn Batttuta e Mark Twain como
uma preciosidade em termos de beleza natural. Só posso dizer que meus amigos
viajantes sabiam das coisas!
Parque Nacional Udawala.
NO RASTRO DA HISTÓRIA
A República Democrática Socialista do Sri Lanka (como é
conhecida desde 1972, quando deixou de ser uma colônia inglesa) tem uma população
de 21 milhões de habitantes. É muita gente para uma ilha tão pequena! Ao redor
de 70% dessas pessoas são budistas cingaleses, descendentes do norte da Índia.
Os outros 30% são formados por hindus tâmeis, muçulmanos e cristãos. É
exatamente por isso que as línguas mais faladas no Sri Lanka são o cingalês e o
tâmil. Mas, não se preocupe com a comunicação. Todos falam inglês. Afinal, o
período de colonização inglesa deixou lá suas heranças.
O sorriso no rosto é a marca do povo do Sri Lanka.
A história recente do Sri Lanka foi assombrada por uma
guerra civil violenta entre o governo e um grupo separatista tâmil, denominado LTTE
ou Tigres Tâmeis, de 1980 a 2009, quando o Exército do Sri Lanka derrotou o
poder do grupo tâmil. Além dos horrores provocados pela guerra, a ilha foi
devastada por um tsunami em 2004, quando morreram mais de 40 mil pessoas. A
costa do país foi varrida pela água. Como o povo é guerreiro, isso acabou
servindo para alavancar sua reconstrução. A quantidade de hotéis incríveis e
novos no país é surpreendente. Tive até dificuldade em montar o roteiro tal a
quantidade de ofertas com excelente padrão.
O turismo é um dos pilares mais fortes na reconstrução do
Sri Lanka. É compreensível pois você pode escolher entre praias repletas de
coqueiros; áreas montanhosas com florestas, cachoeiras e plantações de chá;
parques nacionais com grande quantidade de elefantes selvagens, leopardos,
ursos, crocodilos, macacos, pavões e pássaros; e áreas históricas que contam a
trajetória do antigo reino.
A crônica cingalesa de Mahavamsa (registro histórico sobre o
budismo) fala sobre a chegada de Vijaya, o primeiro rei cingalês no Sri Lanka,
em 543 a.C., vindo do norte da Índia. Anuradhapura foi a primeira capital do
reino, fundada me 377 a.C. e é hoje uma das relíquias da Era Dourada, um lugar
que deve constar no seu roteiro. Conforme relatam, foi Mahinda, um indiano
filho do grande imperador budista Asoka que converteu o rei cingalês de
Anuradhapura ao budismo. O Quarto Concílio Budista Teravada, conhecido como
“Ensino dos Sábios”, foi realizado em Anuradhapura em 25 a.C. Assim,
Devanampiya Tissa abraçou a crença e trouxe um senso de identidade a seu povo.
Quando ele morreu houve uma invasão Tâmil que manteve o general Elara no poder
por 44 anos. E assim o comando foi se sucedendo ora com cingaleses no poder ora
com os tâmeis. O legado de mais de 1500 anos é incrível. Mistura traços
budistas e hinduístas na antiga cidade histórica.
No ano de 473 um fato importante marcou a história e fez
nascer um novo reino. O terrível Kassapa matou seu pai para tomar o poder, o
rei Dhatusena e fugiu de Anuradhapura. Foi quando estabeleceu a nova capital do
reino em Sigiriya, no topo de uma rocha de 375 metros de altura: a famosa
Lion’s Rock. É um dos pontos mais visitados da região chamada de Triângulo Cultural (que se refere aos antigos reinos Anuradhapura, Sigiriya e
Polonnaruwa).
Tudo ia bem até que novamente os tâmil invadiram Sigiriya,
no século IX, comandados pelo rei Chola Rajaraja. Anuradhapura foi posta abaixo
em 1017 e surgiu a cidade de Polonnaruwa. O período áureo da cultura cingalesa,
a chamada “Era Dourada”, foi no século XII quando os tâmeis foram derrotados.
Hoje, o budismo é seguido por mais de dois terços da população.
Somado a esses dois grupos também houve dominação e ondas de
migração chinesa, árabe, malaia, portuguesa (em 1505 – na mesma época em que os
portugueses aportaram no Brasil), alemã, holandesa e inglesa quando foi
introduzido o cultivo do chá. Esse cruzamento de raças deixou sua contribuição
na cozinha, na arquitetura, na religião e na economia. Uma bela mistura.
As maiores cidades do país são a capital Colombo (fundada
pelos portugueses em 1517) e Kandy.
COMO CHEGAR
Partindo do Brasil, o mais prático é voar de Emirates (por
Dubai), Etihad (por Abu Dhabi ou Qatar Airways (por Doha). São voos longos de
aproximadamente 15 horas. No meu caso, fui de Emirates até Dubai e antes de ir
ao Sri Lanka passei três dias em Mascate, Omã. Então, voei de Oman Air, de
Mascate para Colombo (duração do voo: 4 horas).
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
Tenha passaporte válido por seis meses e faça seu visto
on-line antecipadamente (https://eta.gov.lk/etaslvisa/etaNavServ).
O valor do visto é de 35 dólares e você recebe o documento em 24 horas.
NO AEROPORTO
Cheguei de noite no Aeroporto Internacional Bandaranaike, em
Colombo. O processo de inspeção do passaporte é ágil. É preciso preencher um formulário,
disponível no balcão e apresentar o visto. Cinco minutos e tudo pronto. Como eu
estava viajando apenas na companhia de uma amiga, solicitei transfer do
aeroporto para o hotel. Ao ler meu nome na plaquinha do motorista do Shangri-La Colombo abri logo um sorriso. Considero esse serviço importante para a chegada
em países que ainda não conheço, especialmente ao viajar sozinha. Do aeroporto
ao hotel – 30 quilômetros - foram feitos em meia hora, pois era noite e já não
havia trânsito. Caso contrário programe entre 40 e 50 minutos. O trânsito de
Colombo é pesado.
A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA
Escolhi o novíssimo Shangri-La Colombo para ser a porta de
entrada para o Sri Lanka. Acertei na mosca. O hotel acabou de abrir as portas.
Foi inaugurado em novembro de 2017. Tem coisa melhor do que isso? Os quartos são
amplos, super charmosos, com banheiro lindo, visual incrível pelos janelões de
vidro e tem um serviço caprichado com a típica hospitalidade do país. Foi um
belo ponto de partida. A impressão inicial não poderia ter sido melhor. O hotel
é um perfeito oásis no meio da agitada Colombo. Tem uma ótima academia, spa
maravilhoso e cinco restaurantes de padrão internacional. O hotel já virou
“point” em Colombo. Presenciei um casamento lindo e todos os dias os
restaurantes estavam lotados de locais. Um hotel novinho tem o seu valor. Dica:
reserve um quarto de esquina para ter bastante claridade e num andar que dê
acesso ao “executive lounge”. Garanto que você vai amar.
Shangri-La Colombo.
COM QUE ROUPA EU VOU
Esteja preparado para o clima quente e úmido. Peguei
temperaturas entre 28 e 38 graus no mês de abril. Portanto, roupas leves devem fazer parte da sua mala. Nas montanhas, perto de
Nuwara Eliya, é mais fresco. Dá até para dormir sem ar condicionado. Lembre-se que biquinis podem ser
usados nos hotéis, mas maios são mais recomendados. Topless é ilegal. Bermudas
devem ter comprimento abaixo dos joelhos. Para entrar nos templos é preciso
cobrir ombros, pernas e tirar os sapatos. Eu diria que é de bom tom usar
roupas mais soltas.
Traje típico do Sri Lanka.
FUGIR DAS MONÇÕES
O Sri Lanka costuma ser quente o ano todo, com exceção das
áreas montanhosas onde é mais fresco. No entanto diversas partes do país estão
sujeitas aos efeitos das monções em diferentes períodos do ano. A melhor época
para visitar oeste e sudoeste do país, por exemplo, é de novembro a abril. Já a
costa leste é exatamente o oposto, a melhor época vai de abril a setembro,
depois disso as monções trazem muita chuva. Em Yala, sudeste da ilha, costuma
ser chuvoso de maio a julho. Ao norte, chove mais de dezembro a fevereiro. No
Triângulo Cultural, onde ficam as cidades históricas, chove menos e é sempre
quente, mas pode chover de outubro a dezembro. Ou seja, você sempre terá a
possibilidade de pegar sol e chuva. Visitei o país na segunda quinzena de abril
e praticamente só peguei dias lindos, apesar do aplicativo do celular indicar chuva o tempo
todo. Chuva apenas em Hatton no final da tarde, em dois dias. Sorte a minha.
Abril foi o mês que escolhi para visitar o Sri Lanka.
E PARA PAGAR A CONTA?
A moeda local é a Rupia Cingalesa. Em abril de 2018 1 dólar
era o equivalente a 157 rúpias. Paguei muitos dos motoristas em dólares. Eles
aceitam sem problema. Mas você pode trocar dinheiro nos hotéis, no aeroporto e
fazer retiradas em máquinas ATM. Cartões internacionais de crédito e débito são
aceitos na maioria dos lugares. Tenha sempre algum dinheiro ao circular pelas
cidades do interior e locais mais simples. Você pode precisar.
FOTOGRAFIA: SIM OU NÃO
As pessoas são muito hospitaleiras e adoram ser
fotografadas. No entanto, peça sempre autorização antes do click. Algumas
pessoas pedem dinheiro para se deixar fotografar como as mulheres nas colheitas
de chá e os pescadores que se equilibram sobre estacas na água. Os monges podem
ser fotografados, mas não toque neles e não pose para fotografias dando as
costas para as estátuas religiosas.
SOBRE A COMIDA
Arroz, curry, peixes e “muita” pimenta farão parte do seu
dia a dia no Sri Lanka. Frutas, o país tem em profusão. Afinal, tem clima
tropical, como o nosso. Abuse da água de coco e tome muito chá. No café da
manhã não deixe de provar os tradicionais hoppers, que são panquecas feitas em
panelinhas de formato arredondado e podem ser feitas com um ovo no fundo.
Deliciosas! Comi muito bem no país todo.
SUSTO NA ESTRADA
Minha primeira estrada no Sri Lanka foi de Colombo a
Hambantota. Foram 4 horas e meia. Parei de olhar para a frente para conseguir
relaxar, tal o caos. Nem sei como eles conseguem se organizar entre tantos
carros, vans, caminhões, ônibus, bicicletas, gente, cachorros e centenas de
tuk-tuks. Pelo que vi, imagino que a regra seja pelo tamanho do veículo. O
maior é quem manda. E o menor que saia da frente. Lá pelas tantas ouvi um
barulho no carro e o motorista gritou um palavrão em inglês. Pronto! Gelei. Era
um tuk-tuk que havia sido arremessado no acostamento ao bater no retrovisor do nosso
carro. Quando vi o pequeno veículo verde virado no chão quase enfartei. Mas, em
um segundo o motorista do tuk-tuk estava em pé brigando com o motorista do
carro. Que alívio. Não tinha sido nada grave. E continuamos nosso caminho.
Tirando o susto só tenho boas recordações do Sri Lanka.
Um país que me recebeu sorrindo. Só tenho a agradecer.
DICAS DE MOTORISTAS
Para ir de Yala até Hatton contratei Sam Tour +94 777903147
De Hatton a Sigiriya contratei o Ivan da Sri Lanka Tour +94 784700761
Em Sigiriya meu motorista foi o Sr. Chaminda, muito gentil, + 94 779692723
* De Sigiriya a Colombo fui de hidroavião da Cinnamon Air
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ROTEIRO DE 10 DIAS NO SRI LANKA
Claudia
ResponderExcluirQue show de post e fotos
astral Zen!!
obrigado
que venham outras
abraços
VS
Amém, VS! Que venham muitas outras. :)
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