ST. BARTH, A FRANCESINHA DO CARIBE
Elegância-despretensiosa é a marca registrada desse diminuto
paraíso azul caribenho. St. Barth não comporta hotéis imensos nem grandes
shoppings. É minimalista. Só cultiva o bom gosto e a exclusividade em seus 25
quilômetros quadrados de área. O suficiente para conquistar em cinco minutos o
coração de quem pisa na ilha. Afinal, Saint-Barthélemy é literalmente um
pedacinho da França no Caribe. Uma mini St-Tropez. Consegue ser ao mesmo tempo
discreta e exuberante, despojada e sofisticada, organizada e descomplicada,
moderna e tradicional. Uma alquimia perfeita.
As curvas de St. Barth.
VÁ DE MINI
St. Barth tem silhueta encantadora. Curvilínea, recortada,
montanhosa, coberta de verde e cercada de azul por todos os lados. Vez ou outra
uma escarpa rochosa se debruça sobre o mar e uma salina dá as caras no final de
uma ladeira estreita por onde circulam vespas e a maior concentração de Mini
Coopers que já vi. Aliás, o meu era vermelho, conversível, lindo.
Alugar carro é fundamental para dar conta do sobe e desce,
uma vez que cada trecho feito de taxi custa o valor tabelado de 20 euros. O
próprio hotel Villa Marie resolveu o aluguel do carro. Valor: entre 40 e 100 euros
ao dia, dependendo do carro escolhido.
Atenção: Opte por carros pequenos pois as vias são muito
estreitas e dirija com cuidado. Vez ou outra aparecem cágados circulando pelas
ruas. Vi muitos e me surpreendi. Cheguei a parar o carro duas vezes para
tira-los do caminho.
POUSO CERTEIRO
As ruelas de St Barth foram talhadas para acolher seus
visitantes e moradores em grande estilo. Tem astral mais sofisticado do que as
ilhas ao seu redor, com hotéis super charmosos, beach clubs, muitos
restaurantes incríveis, bares, vida noturna animada, boutiques cheias de
glamour e um aeroporto digno de nota.
A pista do Aeroporto de Saint-Barthélemy é um capítulo à parte. Curtinha. Fica espremida entre o morro e a praia de St. Jean, onde a
galera senta nas espreguiçadeiras do Pearl Beach Club para ficar de olho nas
manobras cuidadosas dos pilotos que precisam de licença especial para pousar e
decolar. Apenas algumas companhias aéreas, provenientes de St Martin, Anguilla,
Porto Rico e Guadalupe, têm autorização para descer na ilha. Só aviões
pequenos!
Voei de Anguilla para St. Barth - de Anguilla Air Services -
num voo cênico de 15 minutos e aterrissagem cheia de adrenalina.
Outras opções de companhias aéreas:
Tradewind Aviation partindo de San Juan (Porto Rico), St.
Thomas (Ilhas Virgens Americanas), Antigua e Barbuda, St. Kitts and Nevis;
Air Antilles Express para Guadalupe;
Air Caraibes para Guadalupe e Martinica;
Winair para St. Martin;
St. Barth Commuter para voo charter;
Companhias de Ferry:
Também dá para ir de St. Barth a St. Martin de ferry, em uma
hora. O mar é agitado e com direito a enjôo.
Great Bay Express (65 euros one way por pessoa) www.greatbayferry.com partida as 8h30m e 18h 30m para Sint Maarten
ENFIM FRANÇA
Na minha chegada a St Barth, no guichê do controle de
passaporte, dois policiais jovens aguardavam a chegada dos passageiros falando
francês, o idioma oficial da ilha. Brasileiros não precisam de visto, apenas
passaporte (se seu voo fizer escala nos Estados Unidos ou em Porto Rico você
vai precisar de visto na conexão). Serviço ágil, num aeroporto pequenino e muito
bonitinho já recuperado dos estragos sofridos com a passagem do furacão Irma,
em setembro de 2017. St Barth tem bom poder de recuperação por ter mais
recursos financeiros do que a maioria de suas vizinhas, provenientes da França.
Furacão! Que furacão? St Barth já está de volta!!
CURVAS DA HISTÓRIA
Saint-Barthélemy é desde 2007 uma coletividade ultra marinha
francesa. Seus cidadãos tem passaporte francês. Originalmente era chamada de
Ouanalao (que significa Iguana) pelos índios Arahuacos, primeiros habitantes da
região. Com a chegada de Cristovão Colombo na sua segunda expedição, em 1493, a
pequena ilha das West Indies foi rebatizada com o nome de seu irmão “Bartolomeu”.
A França entrou na história em 1763. Nesse intervalo, piratas usaram a ilha
como esconderijo, além de ter sido comandada por Malta e Guadalupe. Em 1784 os
franceses venderam a ilha para a Suécia e a capital Gustavia foi nomeada em
homenagem ao rei Gustavo III. A ilha passou por vários desastres naturais, como
infelizmente acontece com frequência, e com isso o rei Oscar II resolveu devolve-la
a França, em 1852.
Hoje é o território de alma mais francesa que se possa
imaginar no Caribe. Seus 10 mil habitantes são brancos descendentes de
europeus, uma vez que com a abolição da escravatura, os negros resolveram
migrar para outros locais pois a ilha não tem água doce e isso sempre trouxe
muita dificuldade, inclusive escassez de alimentos. A água utilizada em St.
Barth vem de um projeto de dessalinização ou é coletada da chuva.
As salinas acompanham a trajetória de St Barth desde o início.
BRILHA UMA ESTRELA
O magnata americano David Rockfeller foi um dos responsáveis
por alçar a “ilha branca” a status de reduto de celebridades quando resolveu
adotar St Barth como seu paraíso particular em 1957 e construiu uma mansão de
sonho na enseada de Colombier, uma das mais escondidinhas da ilha.
Baía de Colombier e lá no topo do morro a antiga casa da família Rockfeller.
AS PRAIAS E A ROTINA
Um dos pontos altos de St. Barth é o azul caribenho distribuído
por mais de 15 praias. Tem praia para agradar a todos: com areia branca, com
rochas, com ondas, com corais, de águas calmas tipo piscina ou para mergulhar.
Colombier é uma preciosidade. Paradisíaca! Por ter difícil
acesso é das menos visitadas e por isso mesmo minha preferida. Pode ser
acessada por duas trilhas. Uma delas pela praia de Petite Anse, de 30 minutos de
caminhada, e outra a partir do morro de Colombier, bem íngreme. Seu azul
turquesa é o mais intenso da ilha e a água tranquila um convite e tanto. Ótima
para mergulhar de snorkel e nadar.
Ao lado dela fica a pequenina Petite Anse com seu charme discreto.
Também é bom lugar para mergulhar próxima das pedras. Mas, nem se compara com a
exuberância da vizinha. Se quiser ficar hospedado num lugar sossegado e com
diárias mais em conta dê uma espiada no Auberge de la Petit Anse.
Na sequência vem Anse de Flamand, uma das maiores praias da
ilha com areia branca. Foi muito castigada pelo furacão. O hotel Cheval Blanc
está fechado para reconstrução.
Praticamente ao lado está Anse de Cayes, uma praia procurada
por surfistas e com muitos corais.
A seguir, está a deliciosa Baía de St Jean, com as areias
mais icônicas de St Barth. Era onde ficava o badalado Eden Rock que foi
totalmente varrido pelo furacão e está sendo refeito desde a fundação com
previsão de reabrir em dezembro de 2018. A cabeceira do aeroporto também fica
em St Jean, assim como os beach clubs: Pearl e Nikki Beach. Aliás o Pearl
também funciona como hotel pé na areia.
Já, as praias do lado leste não foram minhas preferidas. Lorient
Beach tem rochas e lajes que dependendo da maré formam piscinas naturais mas
podem ser traiçoeiras; Marigot é bacana para mergulho mas estava cheia de
algas; Grand Cul de Sac é protegida por uma barreira de corais e tem bons
ventos para quem quer praticar esportes como kitesurf e windsurf, é onde ficam
os hotéis Le Sereno e Le Guanahani
castigados pelo furacão; Anse de Petit Cul-de-Sac é bastante isolada e estava
cheia de algas; já Anse Toiny é reduto de surfistas.
As praias do sul da ilha, Anse de Saline e Anse du
Gouverneur são tranquilas, mais selvagens e lindas. Mas, estavam cheias de
algas, com cheiro forte. Os moradores adoram as duas praias.
Shell Beach é uma praia super charmosa, com conchas no chão
em vez de areia. Fica a alguns passos do centrinho de Gustavia e tem o
restaurante Shellona como ótimo ponto de apoio. Das minhas favoritas.
Por fim, Anse Public é a praia pública na área portuária e
Corossol é o reduto mais antigo e tradicional da ilha.
Depois da praia vale conferir as boutiques cheias de
personalidade, os cafés e os restaurantes de Gustavia e circular pelo comércio
de St Jean.
Para agitar a noite vá ao cabaré Le Ti e a casa noturna
Bagatelle.
Curiosidade: Saint-Barthélemy é o nome oficial da ilha. O
apelido dado pelos franceses é St. Barth ou St. Bart. Os americanos a chamam de
St Barts, com ‘s’ no final.
CLUBES DE PRAIA
Nikki Beach bem mais relaxado e tranquilo do que o xará de
St-Tropez
Pearl Beach (que também é um hotel pé na areia simpático e
bem localizado com poucos quartos )
Eden Rock Beach (fica na praia Lorient Beach, praia ruim
para banho, com uma grande laje de pedras bem perigosa).
QUANDO IR
A temperatura média anual da ilha fica ao redor dos 25 graus
Celsius. Visitei St Barth em junho de 2018 e de todos os locais por onde passei
durante a viagem (Turks and Caicos, Ilhas Virgens Britânicas, Anguilla, St Martin, República Dominicana) foi onde peguei as temperaturas mais amenas do
Caribe. É um lugar que pode ser visitado praticamente durante o ano todo. Vale
evitar os meses de agosto a outubro quando há risco de furacões e quase tudo
fecha por questões de segurança.
St Barth é agradável o ano todo.
O furacão Irma devastou grande parte da ilha em setembro de
2017. Sua reconstrução foi muito rápida pelo aporte financeiro francês. Dos quase 30
hotéis, que foram bastante castigados, muitos já foram reabertos.
MOEDA
Euro é a moeda oficial de St Barth, mas dólares são aceitos
habitualmente.
PARA FICAR
Fiquei hospedada em Colombier, no charmosíssimo Villa Marie,
do grupo francês Sibuet. Ele não era minha primeira opção por ficar longe do
mar. Mas, os hotéis pé na areia foram muito castigados e ainda estão sendo refeitos
como o Eden Rock.
A escolha do hotel
boutique Villa Marie St-Barth acabou sendo muito acertada. O hotel fica no topo
do morro, numa das parte mais bonitas da cidade e tem um visual lindo da praia
de Flamands. É caprichado em todos os detalhes. Tem astral aconchegante e
romântico. As áreas comuns são cercadas por varandas tipicamente “crioulas”
decoradas com cadeiras trançadas e poltronas de bambu.
Seus 21 bangalôs brancos foram recentemente renovados e cada
um deles tem decoração diferente. Uma bela mistura do colorido tropical caribenho
com a elegância colonial. Alguns têm pequenas varandas e as vilas maiores têm piscina privativa.
Os objetos de decoração garimpados por Jocelyne Sibuet são o
ponto alto. A piscina externa fica numa área verde e florida, onde o silêncio é
interrompido vez ou outra pelo chamado das duas araras amarelas e azuis,
mascotes do hotel. O café da manhã é servido à beira da piscina, debaixo das
árvores ou se preferir, no quarto.
O spa vale uma visita. Usa produtos elaborados especialmente por Jocelyne em Megève, nos Alpes. Outro destaque vai para o restaurante François Plantation, considerado um dos melhores de St. Barth! Ele oferece uma cozinha francesa sofisticada com toques locais. O salão onde é servido o jantar é lindo e fica ao lado do Bar de Rum.
Villa Marie.
Café da manhã na beira da piscina no Villa Marie.
O spa vale uma visita. Usa produtos elaborados especialmente por Jocelyne em Megève, nos Alpes. Outro destaque vai para o restaurante François Plantation, considerado um dos melhores de St. Barth! Ele oferece uma cozinha francesa sofisticada com toques locais. O salão onde é servido o jantar é lindo e fica ao lado do Bar de Rum.
Também dê uma olhada nos seguintes hotéis:
Le Guanahani em Gran Cul de Sac
Emeraude Plage ao lado do Nikki Beach em St Jean
Eden Rock Vila Rental (aluguel de vilas com serviço é uma
prática comum em St. Barth) e em breve o aclamado Eden Rock St-Barths estará de
volta novinho em folha.
RESTAURANTES
French Corner. Meu restaurante “casual” favorito na ilha.
Ele funciona como mercado de peixes de manhã e restaurante super concorrido no
almoço e jantar.
L’Isolettta. Pizza deliciosa, em Gustavia, na Rue du Roi
Oscar II.
Shellona. O melhor desse restaurante é a localização, na
Praia das Conchas, Shellbeach. E fica ao lado de um loja super fashion, Sunday
(Instagram @sundaysttropez), super ao estilo St. Tropez e tem outro endereço em
Gustavia.
L’Isola. Restaurante italiano gourmet maravilhoso, do mesmo
grupo da Pizzaria L’Isolleta na Rue du Roi II. Reserva é fundamental +59
Tamarin, numa casa linda próxima da Salina. Entre a Baía de
St Jean e Anse de Saline.
Bonito. Restaurante francês super indicado em Gustavia. Mas,
estava fechado e não consegui experimentar.
Black Ginger. Thai caribenho com astral gostoso. Passei em
frente e o cheiro me chamou.
Ociela. Cozinha mediterrânea e ambiente gostoso. Também em
Gustavia.
Orega. Cozinha fusion japonesa francesa, em Gustavia. Pratos
super bonitos.
François Plantation é o restaurante do hotel Villa Marie. Para
reservar ligue +590 0 590775252
St Barth não tem erro! É um lugar incrível
Não é por acaso que St Barth conquista uma legião de fãs. A ilha é realmente um encanto. Pequena, intimista, exclusiva e super charmosa. Tem hotéis incríveis, vida noturna animada, bons restaurantes e praias espetaculares. No entanto, isso tem um preço. St Barth é um dos destinos caribenhos mais caros. E, sinceramente, vale cada centavo.
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