PETRA, A CIDADE DA JORDÂNIA QUE FOI CENÁRIO DE INDIANA JONES
História, fé, mistério, riqueza e um espetáculo de
engenharia acompanham a trajetória de Petra. Ninguém tem certeza de quando
Petra surgiu. Talvez no século III a. C. O que se sabe é que faz muito tempo e
que no século I a.C. a capital do Império Nabateu já mostrava seu poder na
cidade esculpida nas pedras, ao sul da atual Jordânia. O legado desse povo
nômade árabe é impressionante. Um destino capaz de impactar o mais distraído
dos visitantes.
Prova disso é que Petra hoje é uma das 7 Novas Maravilhas do
Mundo Moderno e considerada patrimônio histórico da UNESCO.
Mapa da Jordânia. Petra = Ma'an.
Mapa de Petra.
ERA UMA VEZ
A Cidade Rosa, como é chamada pela cor do deserto, nasceu de
maneira surpreendente num desfiladeiro rochoso de Wadi Musa, pelas mãos dos
nabateus, num dos pontos mais secos e inóspitos do mundo.
Desfiladeiro de Wadi Musa, um corredor estreito chamado de Siq
de quase 2 quilômetros que conduz a Petra.
O reino se tornou muito rico, pois ficava num ponto
estratégico do Oriente Médio onde cruzavam as rotas das caravanas que
transportavam incenso, especiarias e mirra, entre a antiga Mesopotâmia e o
Egito. Sabiamente, eles cobravam impostos de quem passasse por ali, afinal eram
produtos valiosos.
Incenso, ouro e mirra foram levados de presente pelos Três
Reis Magos quando nasceu o menino Jesus. Mirra é a resina extraída de uma planta
rara usada desde a Antiguidade com fins medicinais. É considerada valiosa e tem
propriedade antisséptica e adstringente. A mirra representa a pureza, a cura e
a proteção espiritual. Os beduínos a guardam como tesouro em pequenos baús.
Eles dizem que 1 grama de mirra chega a valer mais do que 10 gramas de ouro.
Assim, Petra prosperou. Basta descer pelo estreito chamado
de Siq, um corredor natural de um quilômetro e meio escondido na garganta de um
cânion de arenito para entender. A trilha é tão estreita como surpreendente. De
repente, uma pequena clareira se abre e desvenda “o grande tesouro” - Al-Khazna.
Impressionante! Um templo de 4O metros de altura por 30 de largura esculpido num único bloco de pedra. É de arrepiar! O mausoléu de um rei nabateu traduzido numa tremenda obra
de engenharia. Como eles fizeram aquilo há mais de 3 mil anos? São três salões
e num deles havia a tumba do Rei Aretas coberta de mistérios. Há quem diga que no seu
interior eram guardados os tesouros que eles saqueavam de navios egípcios e
gregos. Para garantir a proteção dessa riqueza toda mais de cinco mil homens se revezavam dia e
noite em frente ao templo.
No final do Siq, o Grande Tesouro Al Khazna.
Al Khazna, um maussoléu entalhado na pedra e cheio de mistérios.
Al Khazna, um maussoléu entalhado na pedra e cheio de mistérios.
E isso é só o começo de uma cidade de mais de 5 quilômetros
quadrados, repleta de templos, tumbas, palacetes, obeliscos, colunatas, anfiteatro
e um sistema de cisternas e irrigação inacreditável. Tudo foi talhado nas
pedras. A cidade não foi construída, mas esculpida. Daí vem o nome Petra quer
dizer “pedra”, em grego.
Mais tarde, Petra foi anexada ao Império Romano e continuou
prosperando. Seu declínio iniciou em 747 quando um grande terremoto assolou a
região e destruiu muita coisa. Com isso, as rotas comerciais foram sendo
desviadas. Petra caiu no esquecimento e ficou perdida na poeira do deserto por 12
séculos. Apenas os beduínos da região sabiam de sua existência até ser
reencontrada pelo explorador suíço Johannes Luewig Burckhardt, em 1812, quando
foi revelada ao mundo.
Talvez você já tenha visto o principal cartão-postal da
Jordânia no cinema em “Indiana Jones e a Última Cruzada” quando Harrison Ford
tentava impedir os nazistas de encontrar o Santo Graal ou como pano de fundo
para algumas das cenas da novela Viver a Vida, da Rede Globo.
Petra é realmente fotogênica e muito cenográfica. Uma cidade
totalmente entalhada nas pedras.
Camelos circulam apenas no sítio arqueológico de Petra.
Eles não passam pelo desfiladeiro.
Eles não passam pelo desfiladeiro.
POR ONDE COMEÇAR
O ponto de partida para a exploração de Petra é o povoado de
Wadi Musa cheio de restaurantes, lojinhas, hotéis e turistas. O hotel Movenpick Resort Petra que fica na entrada principal do sitio arqueológico. É a melhor
opção de hospedagem. Saiba que há dois hotéis desse grupo na cidade e o outro é
distante.
Fique pelo menos dois dias inteiros para ver tudo com
tranquilidade, pois você vai caminhar muito, em terreno instável e talvez no
calor. Esteja preparado! Carros não circulam em Petra. Se tiver três dias,
melhor ainda.
Do hotel Movenpick você simplesmente vai atravessar a rua e
acessar o portão principal que conduz a Petra. Super prático. Mas vá cedo antes
da massa de turistas chegar. Compre na bilheteria ingressos para dois ou três dias.
Não costuma ter fila. Você precisa manter os ingressos com você o tempo todo e
apresentar documento de identidade para passar nos portões.
Assim que entrar você avistará uma área de estábulos onde
vários animais são preparados para fazer o transporte de mais de um quilômetro
pelo desfiladeiro. NÃO USE ESSE SERVIÇO! Os animais são muito mal tratados.
Sobem e descem exaustivamente em ladeiras escorregadias puxando carroças cheias
de gente. Vi um animal escorregar e cair, preso à carroça e dois burricos
levando um tombo de uma altura de quase dois metros numa vala. Por sorte, eles
não se machucaram, mas é uma maldade. VÁ ANDANDO! Muita gente vem oferecer
cavalo, carroça, burrico e camelo. Não dê força para esse tipo de exploração.
Afinal a caminhada é incrível. Faz parte do contexto.
Ainda antes de entrar na garganta do desfiladeiro Siq você
passará pela Tumba da Serpente e pela Tumba do Obelisco, um monumento póstumo
talhado na pedra pelos nabateus, no século I d.C. com quatro pirâmides no topo.
Poucos metros à frente, entrando no Siq você verá de cada
lado do desfiladeiro um canal de irrigação esculpido na rocha para levar água
ao povoado. Afinal, água vale ouro no deserto. E os nabateus eram mestres em
engenharia hidráulica. Impressionante como essas relíquias do passado estão bem
preservadas.
Depois de andar por meia hora, você será impactado pelo Al
Khazna uma das fachadas mais imponentes de Petra. Dizem que esse mausoléu foi
construído no século I a.C. para abrigar a tumba de um importante faraó. Há
alguns mistérios envolvendo um possível tesouro enterrado junto com o faraó. O
local não está aberto à visitação para ser preservado. Também há uma teoria
mais recente que diz que a fachada de Al Khazna é um calendário. Tem uma coroa
com 12 pontas que simboliza os meses do ano, 31 flores representam os dias do
mês e 7 vasos que se referem aos dias da semana.
DICA: suba nas pedras em frente ao Al Khazna para ter um
visual privilegiado. Muitos guias estão disponíveis para indicar o caminho até
o ponto mais alto. Lá em cima, alguns moradores da região vendem água e
oferecem tapetes para você sentar e descansar. Vale o esforço.
Siga andando pela Avenida das Fachadas, um caminho repleto
de palacetes e tumbas suntuosas, um pouco adiante de Al Khazna. Muitas dessas
construções estão abertas a visitação. Dizem que no salão superior da Tumba 67
eram guardadas as ferramentas de trabalho dos operários. Também há inúmeras
cavernas modestas que serviam como moradia dos mais pobres. Segundo dizem, as
casas eram transformadas em túmulos quando o patriarca falecia. A família tinha
então que procurar outro local para morar. Os vizinhos faziam a cerimônia
fúnebre. Enchiam a casa de flor e traziam incenso. Os ricos eram mumificados e
os demais eram cremados.
Outro local escavado nas pedras que chama atenção é o
Elevado do Sacrifício. Ele fica num ponto mais alto e era usado para cerimônias
religiosas. Animais eram oferecidos em homenagem aos deuses.
Abaixo dele fica o inacreditável Teatro Romano. É de cair o
queixo. Foi esculpido na rocha com capacidade para 4 mil pessoas, com 7
escadarias. É o único anfiteatro do mundo talhado na pedra e é uma das maiores
construções de Petra. Um daqueles lugares que você fica horas olhando
embevecido.
Hoje, muitas pessoas ainda moram nas cavernas de Petra.
Próximo das Tumbas Reais comprei um lenço com duas beduínas que moravam ali.
Depois de me ensinarem a amarrar o lenço na cabeça, elas me convidaram para
conhecer a caverna e até ofereceram um chá de ervas, um ritual que faz parte da
cultura local. Onde você chega, eles oferecem um chá de boas-vindas. As pessoas
são muito sorridentes e receptivas na Jordânia. A simplicidade dá o tom. Até 15
anos atrás essa região não tinha escolas nem hospitais. Muita coisa mudou.
A seguir vem uma área nobre formada por quatro Tumbas, na
parte central de Petra, sobre uma elevação: Tumba da Urna, Tumba da Seda, Tumba
Coríntia e Monumento do Palácio. Atrás delas tem um reservatório de água que
ainda hoje abastece a cidade.
Os nabateus eram fabulosos arquitetos. Outra grande avenida
que impressiona pela sua beleza é a Rua das Colunatas. Era uma área comercial que
antigamente conduzia ao Grande Templo (um complexo cheio de locais sagrados) e
ao importante Qasr al-Bint (dedicado ao Deus Dushara).
Quantas surpresas Petra guarda. Se Al Khazna, na entrada da
cidade representa a vida, o monastério Al Deir no extremo oposto da cidade
representa o fim da jornada na terra. É um portal místico erguido no alto das
montanhas com 48 metros de altura por 47 de largura. Os nabateus acreditavam na
vida após a morte.
Para facilitar a exploração desse imenso sitio arqueológico
entre um dia pelo Portão A e vá até o Castelo Al Bint. Retorne pelo mesmo
trajeto. No dia seguinte entre pelo Portão B, desça uma avenida lateral pouco
movimentada por onde você passará pela Tumba Turkumaniyya e faça boa caminhada
até o Monastério Ad Deir. A caminhada é longa! Retorne pelo Portão A. Você
caminhará mais de 10 quilômetros. Alguns guias credenciados conseguem conduzir
você em carro 4X4 por trilhas exclusivas dentro do parque. Mas, o preço é alto.
Tumba Turkumaniyya.
É SEGURO?
Sim. Me senti muito segura nos lugares por onde andei. As cidades têm policiamento pesado, muitos postos militares de controle e detectores de metais, pois o país faz fronteira com Iraque, Arábia Saudita, Síria, Israel, Egito e Cisjordânia. Uma vizinhança que vez ou outra se estranha.
COMO SE VESTIR
O país é muçulmano. Portanto, as mulheres jordanianas se vestem de modo conservador. Usam vestidos longos e cobrem os cabelos. Para mostrar respeito pela cultura local evite saias curtas, shorts e decotes. Dê preferência à roupas mais largas e saias longas. Cobrir o cabelo não é necessário, mas aqueles lenços amarrados conforme a tradição local são um charme.
Use roupas que entrem em sintonia com a cultura local.
MELHOR ÉPOCA PARA IR
Abril, maio, setembro e outubro. São meses de temperaturas
mais amenas.
LÍNGUA
Árabe, mas muita gente fala inglês, especialmente nos hotéis e no comércio.
MOEDA
Dinar Jordaniano. 1 dólar = 0,70 Jod
COMO CHEGAR
Várias companhias aéreas voam para Amã com conexão na Europa
(British Airlines, Air France, Ibéria...) chegando no aeroporto Internacional
Queen Alia. Se a ideia for visitar apenas a Jordânia a porta de entrada será a
capital Amã. Petra fica 236 quilômetros ao sul de Amã. Esse trajeto pode ser
percorrido em 3 horas e meia de carro.
No entanto, conjugar
Israel e Jordânia na mesma viagem é perfeito. Sendo assim, o modo mais fácil de
chegar em Petra é por Eilat, o badalado balneário ao sul de Israel que faz
fronteira com Jordânia e Egito. Atravessar de um país para outro de carro é
complicado. O ideal é deixar seu carro estacionado em Eilat - depois de curtir
o Mar Vermelho por um ou dois dias - atravessar a fronteira a pé (sim! A pé!), pegar
um taxi para ir até o centro da cidade de Aqba já na Jordânia e então alugar
outro carro em Aqba para ir até Petra, dando antes uma passada pelo imperdível
deserto de Wadi Rum. Recomendo que fique hospedado uma noite no hotel Memories Aicha Luxury Camp (faça sua reserva aqui). Uma experiência imperdível.
Memories Aicha Luxury Camp.
Na volta passe novamente por Aqba para devolver o carro
alugado, se quiser dormir em Aqaba boa opção é o Kempinski Hotel Aqaba. Então, atravesse
outra vez a fronteira a pé e retorne até Tel Aviv. Você terá muita estrada pela
frente. Mas, a estrada é linda, passa pelo Mar Morto. Pare para um mergulho e
me conte se conseguiu afundar!
DICA: Um dos melhores hotéis para desfrutar do Mar Morto é o
Kempinski Hotel Ishtar Dead Sea, na Jordânia.
Algumas distâncias:
Tel Aviv a Eilat: 350 quilômetros
Eilat a Aqba: 9 quilômetros
Aqba a Wadi Rum: 60 quilômetros
Wadi Rum a Petra: 110 quilômetros
Petra a Madaba – Estrada do Rei: 215 quilômetros
Petra a Amã: 236 quilômetros
Madaba a Amã: 21 quilômetro
LUGARES QUE DEVEM ENTRAR NO SEU ROTEIRO DA JORDÂNIA
Petra (fique 2/3 noites no hotel Movenpick)
Deserto Wadi Rum (durma uma noite no deserto no hotel Memories Aicha Luxury Camp)
Mar Morto (fique hospedado uma noite no Kempinski Hotel Ishtar)
Madaba (visite a Igreja Bizantina de São Jorge que tem no
chão o mapa mais antigo da Terra Santa)
Jerash (sitio arqueológico de mais de 3 mil anos)
Amã (capital da Jordânia e porta de entrada)
ENFIM...
Os caminhos da Jordânia são permeados de belas paisagens, fé, gente forte, fabulosa arquitetura e muita história bíblica. Trilhar os 215 quilômetros da Estrada do Rei, um dos caminhos mais antigos do mundo e que liga Petra a Madaba, é refazer a rota do profeta Moisés e do povo hebreu em busca da Terra Prometida. Moisés recebeu de Deus a missão de libertar o povo hebreu da escravidão no Antigo Egito. A peregrinação pelo deserto durou 40 anos e muitos desafios acompanharam essa trajetória. Wadi Musa significa Vale de Moisés. Eis uma viagem cheia de significado. Perfeita para quem pretende sair do óbvio.
A Jordânia merece sua visita.
Que país sensacional!
TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE ISRAEL
ROTEIRO DE VIAGEM POR ISRAEL, JORDÂNIA E CISJORDÂNIA
JERUSALÉM, O ENDEREÇO DA FÉ EM ISRAEL
Como é a questão do visto pra Jordânia? Posso receber nessa fronteira entre Eilat e Aqba? Ou tenho que tirar antes no Brasil?
ResponderExcluirSim. Pode emitir na fronteira Eilat/Aqba.
ExcluirComo chegar la? Vôo direto , com escalas?
ResponderExcluirOlá,
ExcluirEstá tudo explicado no texto. Leia COMO CHEGAR. Qualquer duvida, após a leitura, estou à disposição para te ajudar.
Beijo
Claudia
Excelente relato sobre a Jordania.
ResponderExcluirEstivemos lá por oito dias. Pretendemos retornar algum dia.
Notei que não comentaste sobre o Monte Nebo. Lá esteve o Santo João Paulo II, onde oficiou uma missa e de lá Moises viu a Terra Prometida.
legal
ResponderExcluirMuito grata por tantas informações, fotos e sugestões!
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