RANCHO DO PEIXE, UM REFÚGIO NA TERRA DO VENTO
Gentileza, drink de caju e bons ventos carimbaram minha chegada ao Rancho do Peixe, na pacata praia do Preá, entre as dunas do Parque Nacional de Jericoacoara e de Barrinha. Enquanto isso, o sol começava a se despedir e uma centena de pipas de kitesurfe coloriam o horizonte. Com essa energia mágica, aceitei imediatamente o convite para desacelerar, me conectar com a natureza e tirar os sapatos. Afinal, a pousada é pé na areia e vive na costura de um tempo sem pressa. Também sem pressa, segui eu até encontrar o bangalô número 25, de frente para o mar. Um refúgio perfeito na Terra do Vento. Aliás, uma casa para chamar de minha!
Abri as janelas “da minha casa” para deixar entrar o vento, o barulhinho do mar, o canto dos pássaros e os últimos raios do sol. Por dentro do bangalô, me deparei com uma simplicidade tão repleta de sofisticação que fiquei hipnotizada por alguns instantes. A pousada conseguiu transformar hospedagem em arte, com um projeto incrível do arquiteto Gui Mattos.
Seus 26 bangalôs foram construídos com foco na sustentabilidade, sobre palafitas, com madeira reaproveitada, sem materiais metálicos nem concreto e telhados de palha de carnaúba, numa fazenda de cocos de 200 mil metros quadrados. Apenas 8% da área total da propriedade é construída. A sua arquitetura é tão engenhosa que privilegia a circulação natural do ar e faz você esquecer do ar condicionado.
Cada bangalô tem 80 metros quadrados de charme e elegância. O tom discreto da madeira do chão e das paredes, contrasta com a cor vermelha do sofá e com os almofadões em chita florida. O minibar também é lindamente vestido de chita. Pelo chão, tapetes de palha típicos da região compõem o ambiente onde a cama king size com mosquiteiro se encarrega de embalar boas noites de sono.
A cultura nativa é sempre viva na pousada. Um detalhe maravilhoso é que os quartos não tem televisão para que os hóspedes consigam se desconectar e viver a vida de verdade.
Por falar em viver a vida e já que não é novidade que o Ceará tenha virado referência para os amantes dos esportes de vento do mundo todo, aproveite os bons ventos que sopram de julho a dezembro e se jogue no mar. Afinal, você está na “Meca Mundial do Kitesurfe” e mesmo que não seja um expert no esporte poderá fazer aulas e aprender as modalidades windsurfe, kitesurfe, kitefoil, wingfoil, stand up, longboard e caiaque com a equipe do Water Sports Center que conta com a estrutura e direção dos parceiros do Surfin Sem Fim, especialistas em mar e vento.
Surfin Sem Fim são viagens downwind de grande distância feitas pela água em Kite, wing e foil pela costa do Brasil - Ceará, Piauí e Maranhão - tendo a segurança de um carro 4x4 acompanhando o velejo. As rotas foram desenhadas com muito cuidado para permitir o máximo aproveitamento da viagem, passando os dias na água e repousando nas melhores pousadas à beira-mar da Terra do Vento.
De janeiro a junho, quando os ventos ficam mais brandos, entram em cena outras diversões como o “hydrofoil”, uma novidade que permite velejar na ausência de ventos fortes.
Mas, além de receber a galera apaixonada pelos esportes de mar e de vento, o Rancho do Peixe também é bacana para casais que buscam tranquilidade e para famílias com criança que não abrem mão da exclusividade, do conforto e do contato com a natureza.
A pousada tem vários cantinhos deliciosos para relaxar, entre eles o Lounge da Azeitoneira (feito debaixo dessa árvore que dá uma frutinha parecida com uma azeitona, daí o nome), o Lounge da TV onde é servido o chá da tarde, um spa rústico e de astral muito gostoso, uma piscina de 25 metros cercada de espreguiçadeiras e dois restaurantes. Um deles serve pratos da cozinha regional com leitura contemporânea e o outro, o Bar da Praia, atende aos velejadores de dia e serve pizza à noite. A horta orgânica produz muitos dos produtos utilizados pela pousada.
A equipe do Rancho do Peixe é de uma delicadeza ímpar. Ao entardecer, um docinho é enviado para o bangalô diariamente, junto com um recado de boa noite. Detalhes que fazem a diferença.
A pousada Rancho do Peixe pertence à aliança de pousadas e-group e tem selo Circuito Elegante. Foi aclamada pelo Condé Nast Johansens Awards for Excellence 2021, na categoria “Best Immerse Experience”.
Para interagir com a cultura do Ceará faça caminhadas pelas praias para ver os pescadores chegando do mar, ande a cavalo, mergulhe nas praias e nas lagoas. As areias da praia do Preá costumam ser vazias, têm apenas o movimento dos velejadores. Já, as lagoas são bem movimentadas. Caminhe na praia do Preá, pela orla, do Rancho do Peixe até as pedras que ficam em frente ao Preabeach Villas e na maré baixa, suba nas pedras. Você vai descobrir uma piscina natural incrível bem no meio da ilhota rochosa. Mas não espalhe o segredo.
Programe uma visita às Lagoas Azul e do Paraíso, duas lagoas que são praticamente conectadas. Para almoçar recomendo o restaurante B&B na Lagoa do Paraíso. Enquanto o almoço não vem, aproveite para dar um mergulho, relaxar nas redes penduradas dentro d’água e fazer stand up. Se você é da tribo da animação talvez o Alchymist lhe agrade. É um beach club grande e lotado.
Outro lugar interessante para almoçar nessa região é o Komaki, em Barrinha, um restaurante sobre as dunas, de visual incrível.
Além disso, tem uma novidade no Preá chamada de Buraco Azul. O grande buraco surgiu a partir de escavações feitas para tirar barro para a construção de casas e de uma estrada na região. Ao chover, se formou uma verdadeira piscina de água muito azul pois o terreno tinha calcário. Os nativos passaram a nadar nesse piscinão em anonimato até o dia em que Bruno Gagliasso andou por lá. Ganhou fama. O proprietário do terreno cercou o buraco, colocou um restaurante e agora cobra ingresso para a entrada dos visitantes.
Para fazer esses passeios indico Chagas Soares, um senhor gentil, nativo do Preá, que conhece a região toda. Instagram @preapasseios
Se tiver disposição de ir mais longe, apenas doze quilômetros separam Jericoacoara do Preá, sendo que Jeri é movimentada e Preá ainda vive em outro ritmo. Aliás a natureza e os ventos perfeitos são a grande estrela do Preá já que o vilarejo em si não tem nada que chame muita atenção.
Passando de Jeri, na direção oeste, você passará por dunas, mangues, praias desertas, atravessará de balsa até Guriú onde recomendo que almoce na Casa Uca, um hotel charmoso e pequenino, de apenas seis acomodações e com uma piscina deliciosa de frente pro mar.
A partir dali você passará por um mangue seco, cheio de redes e balanços, seguirá por dunas fixas e dunas móveis, passará por duas lagoas com tirolesa, pelo Lago Grande, pela Lagoa da Torta onde tem bares e restaurantes com aquelas redes dentro d’água que são muito comuns na região e chegará ao povoado de Tatajuba.
Se quiser ir mais longe vá até a Ilha do Amor (Camocim) e almoce na Barraca da Dona Rita. Ela serve peixes e caranguejos fresquinhos.
A distância de Jericoacoara até Tatajuba é de aproximadamente 25 quilômetros. De Tatajuba até a Ilha do Amor são mais 20. Escolha um bugueiro nativo para lhe conduzir. Até Camocim, pelo asfalto, você levará pouco mais de uma hora.
COMO CHEGAR
A pousada Rancho do Peixe está a 4 horas de carro do Aeroporto de Fortaleza e a 30 minutos de carro do Aeroporto de Jericoacoara (em operação desde 2017).
Também há a possibilidade de helicóptero a partir de Fortaleza num voo lindíssimo.
LEIA TAMBÉM
0 comments:
Postar um comentário
Deixe seu comentário. Obrigada!