SUÍÇA NUM ROTEIRO IMPERDÍVEL DE TREM


É fácil entender porque os olhos brilham quando a palavrinha mágica “Suíça” entra em cena. Cidades que parecem ter saído das páginas de um livro, vacas com sino no pescoço, relógios precisos que definem uma pontualidade sem igual, bancos poderosos, queijos que rendem os melhores fondues da vida, chocolates divinos, lagos de água cristalina repletos de cisnes e picos eternamente nevados. Tudo isso no coração da Europa, num país aninhado nos Alpes, menor do que o estado do Rio de Janeiro, dividido em 26 estados chamados de cantões que podem ser acessados facilmente pela rede ferroviária mais eficiente do mundo com um único bilhete. Mais simpático impossível!

Explorar a Suíça de trem é muito fácil, pois o país tem um sistema de transporte público totalmente interconectado, chamado de Swiss Travel System, que permite viagens de trem, barco e ônibus para chegar aos vilarejos mais remotos, sem nenhuma complicação. As conexões são sempre rápidas e em total sincronia.

Viajar pela Suíça de trem é maravilhoso e muito fácil.

Para que os estrangeiros tenham acesso a essa malha de transporte incrível basta comprar o Swiss Travel Pass, no site oficial de turismo da Suíça myswitzerland.com, que tem versão em português. Esse bilhete único pode ser adquirido para conhecer o país de ponta a ponta por 3, 4, 6, 8 ou 15 dias consecutivos. Ao finalizar a compra, imprima a página recebida com o QR Code e você estará pronto para circular de trem, barco ou ônibus pela rota que quiser, além de ter entrada franca em 500 museus e acesso a transporte público em mais de 90 cidades.

Recentemente foi desenhada uma rota circular chamada de Grand Train Tour of Switzerland para tornar a viagem ainda mais fácil. O circuito conecta as principais cidades do país, em trens panorâmicos que atravessam cenários belíssimos pelos Alpes. Você poderá transitar por 1.280 quilômetros de trilhos entre Zurique, Lucerna, Interlaken, Montreaux, Zermatt, St. Moritz, Lugano, St. Gallen usando apenas o Swiss Travel Pass.

Talvez a dúvida seja por onde começar. Então, vou te ajudar a montar um roteiro com base na minha experiência.

DIA 1. LUCERNA foi por onde iniciei essa viagem. Voei de São Paulo a Zurique, com a companhia aérea Swiss (que adoro!), num trajeto de 12 horas. Optei por descer do avião e fazer uma conexão imediata de trem para Lucerna, em 40 minutos. O aeroporto e a estação ferroviária são conectados. Deixei Zurique para o final da viagem, uma vez que meu voo partiria de lá. Em Lucerna fiquei dois dias hospedada no hotel Radisson Blu, a menos de 200 metros da estação férrea, de onde fui caminhando. O hotel é novinho, charmoso, tem ótimo custo-benefício e é bem localizado. Uma facilidade e tanto não ter que tomar taxi. Na Suíça os trens muitas vezes chegam no centrinho das cidades.

No primeiro dia vale caminhar pelas ruas medievais de Lucerna, pela Ponte da Capela, observar as pinturas nas fachadas das casas, as tantas fontes de água potável, explorar os museus que tem entrada franca com o Swiss Travel Pass e fazer uma degustação na elegante boutique de chocolates Max Chocolatier. A cidade é pequenina. Deliciosa para caminhar.

Lucerna e seu charme medieval.

DIA 2. Ainda em LUCERNA vá de barco + trem até Rigi Kulm para curtir a neve no topo das montanhas que cercam a cidade. Vale esquiar, brincar de sled e comer um belo fondue no restaurante Lok 7, em Rigi Staffe. De volta ao centrinho de Lucerna, jante no clássico restaurante Burgerstube, no hotel Wilden Mann. Se quiser estender sua permanência nessa região vale relaxar por uns dias no hotel Villa Honegg (aquele que tem a piscina mais famosa da Suíça) ou no Burgenstock.

Descendo Rigi Kulm de sled.

DIA 3. Trem LUCERNA – INTERLAKEN OST (1h49m) Mais uma vez o trem desceu a um quarteirão do hotel. Quanta praticidade. Foi o tempo de soltar a mala no histórico Carlton-Europe Vintage; almoçar no restaurante 3a, na área de coworking do Youth Hostel, um lugar descolado, jovem e super cool; e, tomar o rumo da escola de kayak Hightide para uma aventura no Lago Brienz ultra gelado. Para relaxar depois desse dia cheio, vale jantar no badalado restaurante Stadthaus, do chef Rene Schudel que tem um programa de televisão. Fiquei apenas um dia em Interlaken dessa vez e foi pouco. É lá que fica a montanha Jungfrau, uma das mais altas da Suíça. No dia seguinte tomei o rumo de Zermatt. Outros hotéis em que você pode dar uma olhada em Interlaken são o elegante Victoria JungFrau Grand Hotel e o Lindner Grand Hotel Beau Rivage, todos perto da estação de trem e próximos entre si.

Interlaken, Lago Brienz.

DIA 4. INTERLAKEN WEST – ZERMATT (2h9m). O trajeto é curto, mas tem duas conexões. Tomei o primeiro trem na estação Interlaken West com destino a Spiez, fiz conexão para chegar em Visp, então outra conexão para chegar na fofíssima Zermatt, uma das minhas estações de esqui favoritas da Suíça. Dessa vez o hotel era distante do centrinho. Para chegar ao charmoso e novíssimo Boutique Hotel Matthiol é preciso tomar um ônibus circular que transita por Zermatt, uma vez que apenas carruagens, mini taxis e duas linhas de ônibus têm permissão para transitar. O almoço foi na montanha, no delicioso restaurante Findelhof com visual espetacular da montanha Matterhorn. O acesso é pelo funicular para Sunnegga seguido de uma caminhada deliciosa pela montanha nevada, de 30 minutos. Para retornar ao hotel Matthiol desci por uma trilha pela montanha, de 5 km. Dia intenso. Jantar no próprio hotel.

O charme dos restaurantes nas montanhas de Zermatt.

DIA 5. ZERMATT. Mais um dia ensolarado maravilhoso. A subida de trem tinha como destino Gornergrat, a uma altura de 3.089 metros cercado por 29 picos de mais de 4.000 metros de altitude, entre eles Matterhorn, Breithorn, Liskamm e Dufourpitze do maciço de Monte Rosa. Em Gornergrat tem uma capela linda e ao lado um museu interativo que ajuda a aquecer o corpo antes de tomar o trem até Rotenboden para então descer de sled até o restaurante Riffelhaus. Afinal peguei -15º C no mês de março. A descida até Zermatt foi de trem. Ainda sobrou tempo para circular pelo centrinho e ir até o Museu Matterhorn antes de comer um dos melhores fondues da viagem no restaurante Whymperstube, no tradicional hotel Monte Rosa. Outros bons hotéis em Zermatt, bem localizados, são o The Omnia e o Zermatterhof.

Gornergrat, Zermatt.

DIA 6. ZERMATT – ST. MORITZ (7h45m). Dia de embarcar num dos trajetos mais bonitos da Suíça, no famoso trem panorâmico Glacier Express que atravessa por inacreditáveis 91 túneis e 290 pontes. Um daqueles percursos em que você não consegue tirar os olhos da paisagem, tal a beleza. É servido almoço com muito mimo no trem. Já em St Moritz para chegar ao Art Boutique Hotel Monopol é preciso tomar um ônibus - usando o Swiss Travel Pass - em 5 minutos se chega ao hotel, no centrinho do vilarejo. Para ver as luzes de St Moritz se acender vale tomar um drinque no Sky Bar do Monopol. Um ponto de encontro tradicional.

St. Moritz.

DIA 7. ST. MORITZ. Dia de conhecer o centrinho histórico com a querida guia Susi Wiprächtiger, com direito a uma parada no Museu Segantini, visita ao clássico hotel Kulm e almoço no delicioso restaurante Le Grand Hall com vista para o lago e para as montanhas nevadas, no hotel Badrutt’s Palace. Na parte da tarde, usando o Swiss Travel Pass, tomei o trem Bernina Express com destino a Alp Grüm, onde fiz uma pausa para um café no terraço do restaurante Alp Grüm. Parte dessa linha que circula por St Moritz/Tirana/Lugano foi classificado em 2008 como Patrimônio Mundial da Unesco, por ser a ferrovia transalpina mais alta da Europa, um marco histórico da Ferrovia Rética. De volta a St. Moritz vale caminhar pelo lago e fechar o dia com um jantar maravilhoso no restaurante Dal Mulin.

Alp Grüm.

DIA 8. ST. MORITZ- ZURIQUE (3h27m). Um dia em Zurique para relaxar por essa cidade deliciosa, além de dar um pulinho na confeitaria Sprungli, enlouquecer com os chocolates Läderach, tomar um drinque no bar The Nest no rooftop do hotel Storchen, jantar no charmoso Oepfelchammer e dormir como anjo no hotel Baur au Lac, no The Dolder Grand ou então no La Reserve.

Zurique, rooftop The Nest.

DIA 9. ZURIQUE. Dia de acordar sem pressa, caminhar à beira do lago, tomar um bom brunch no Bohemia Bar & Grill, se embeber de arte no Museu Kunsthaus, sentar para uma taça de espumante e um docinho no Conditorei 1842, dar uma caminhada pelo centro medieval, subir até a torre da igreja Grossmünster para ver a cidade do alto.

Bohemia, um lugar delicioso para um brunch em Zurique.

DIA 10. ZURIQUE – ENGELBERG (1h50m). O vilarejo de Engelberg fica aos pés do imponente Monte Titlis e é um tesouro. Nasceu ao lado de um monastério beneditino, que data de 1120. No ano passado ganhou o charmoso Kempinski Palace Engelberg, num antigo casarão Belle Époque que foi totalmente restaurado. Fui logo para o spa ao chegar no hotel. E para fechar o dia reservei uma mesa no Chalet Ruinart para comer um fondue divino com trufas e champagne. Imagine o sabor.

Kempinski Palace Engelberg.

DIA 11. ENGELBERG. O Kempinski Palace Engelberg tem um “ski room” excelente para alugar roupas e equipamentos para esquiar. O Monte Titlis é um dos locais favoritos dos suíços para praticar os esportes de inverno. Não é um lugar de turismo internacional e isso faz toda diferença. Suba a montanha com o teleférico até Trübsee e na sequência suba até o topo da montanha no primeiro teleférico giratório do mundo, o Titlis Rotair. Vá até a ponte suspensa Titlis Cliff Walk, uma das mais altas do mundo, entre numa caverna de gelo, pratique esqui, snowboard, sled, paragliding e quando cansar sente num dos tantos restaurantes do Monte Titlis, você pode inclusive fazer uma reserva antecipadamente para comer um fondue numa mesa montada na neve. De volta ao vilarejo, caminhe pelo minúsculo centrinho e não deixe de fazer uma visita ao monastério.

Titlis Rotair.

DIA 12. ENGELBERG – ZURIQUE (1h50m). Mais dois dias para curtir o astral delicioso de Zurique, uma das minhas cidades favoritas na Suíça e me preparar para voltar.

DIA 13. ZURIQUE. Em tempos de pandemia, eu precisei fazer teste rápido de antígeno 24 horas antes do embarque. Deu tudo certo.

Dia 14. ZURIQUE – BRASIL. De volta para casa num voo direto da Swiss, com a mala repleta de memórias inesquecíveis.

Como não amar a Suíça?

Espero que esse roteiro tenha te inspirado a organizar uma viagem para a Suíça. Não deixe de consultar o site oficial de Turismo da Suíça www.myswitzerland.com onde você encontra orientações confiáveis e atualizadas sobre o destino, inclusive em português, e onde você pode comprar seu Swiss Travel Pass com segurança.

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