Espalhada pelos penhascos de uma das rotas mais cenográficas do mundo, a Costa Amalfitana se revela entre uma curva e outra da estrada - desde a Península de Sorrento até Salerno - passando por uma sequência de vilarejos pendurados no morro e enseadas de tirar o fôlego. São 50 quilômetros de zigue-zague no sul da Itália, na região da Campanha, voltados para o mar Tirreno, considerados Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
Eu vinha de Nápoles em um carro “pequeno” (fundamental!), pois as estradas da Costa Amalfitana são bem estreitas. A distância Nápoles-Sorrento é de pouco mais de 40 quilômetros, e a estrada é ótima. Em menos de uma hora eu estava na Piazza Tasso, tendo o Golfo de Sorrento ao alcance dos olhos, enquanto Lucio Dalla entoava Caruso embalando meu sonho de estar ali: “Qui dove il mare luccica e tira forte il vento, su uma vecchia terrazza davanti al Gulfo di Surriento”.
SORRENTO é a porta de entrada para a Costa Amalfitana, mesmo que não seja parte da Costa Amalfitana em si. No entanto, é a maior cidade da região, com 15 mil habitantes. Está conectada a Nápoles por uma linha regular de trem, tem boa oferta de hotéis, bons restaurantes e é ponto de partida de ferry para a badalada Capri. Portanto, muita gente a elege como cidade-base. Recomendo que tome um café na Piazza Tasso construída sobre um cânion que praticamente divide a cidade em duas partes, visite a Catedral dos Santos Filippo e Giacomo, o claustro de San Francesco, tome um sorvete enquanto espia as vitrines da Corso Italia, vá até o Vale dos Moinhos (Vallone dei Mulini) e siga viagem. Não se demore em Sorrento, pois a Costa Amalfitana inicia logo adiante.
Cada cidadezinha dessa rota tem seu próprio charme e sua beleza, mesmo que as semelhanças sejam grandes em suas ladeiras com calçamento de pedra, enfeitadas por jardins floridos, que sempre desembocam em uma prainha de azul estonteante.
Positano, Praiano, Amalfi, Atrani, Minori e Ravello. Todas elas são especiais. Há muito para se ver e viver na Costa Amalfitana. Mesmo que se possa dar conta de tudo em um dia, é pouco. Vá com calma. O glamour é a marca registrada dessa região famosa por acolher os casamentos mais românticos da Europa.
POSITANO é a primeira cidade da Costa Amalfitana e a mais fotogênica. São apenas 15 quilômetros a partir de Sorrento por uma estrada inacreditavelmente linda. O centrinho do vilarejo, pendurado no morro, com a cúpula colorida da igreja Santa Maria Assunta é uma graça. Para circular desde as vielas do alto do morro até a praia Grande você terá que encarar escadarias labirínticas, uma vez que o carro não é boa ideia. Definitivamente não tem onde estacionar. Das duas, uma: ou você opta pelo ônibus circular que leva os turistas para baixo e para cima ou enfrenta os degraus inacabáveis de Positano. E olha que estive por lá em fevereiro, baixíssima temporada. Praticamente não havia turistas, muito menos vagas para estacionar o carro, além da que o hotel indicou a dedo. Aliás, muita coisa fecha nessa época do ano e reabre de abril a outubro.
Para ficar hospedado em Positano dê uma olhada nos hotéis: Sirenuse, La Bizantina, Marincanto e Palazzo Murat.
Para comer muito bem: Il Grottino Azzurro, Rada Beach Bistrot, La Sponda (no hotel Sirenuse) e Terrazza Celè (no hotel Marincanto).
PRAIANO está 7 quilômetros depois de Positano e é outro pequenino balneário repleto de casinhas com varandas floridas espalhadas por ruelas estreitas que se contorcem pela colina. A igreja de San Gennaro faz parte do cenário desde o século XIII. A alguns passos dela está o restaurante Saghir, onde comi o melhor spaghetti alle vongole da viagem.
No entanto, as reentrâncias do mar são as grandes estrelas de Praiano. Fiordo di Europe é uma das praias mais espetaculares da Costa Amalfitana. Está acomodada no fundo de um pequeno fiorde e pode ser acessada a partir da escadaria de uma ponte em forma de arco, com 30 metros de altura que proporciona um visual inacreditável.
Ali pertinho, a Marina di Praia é uma enseada de pescadores linda. Tem praia repleta de pedrinhas e restaurantes simpáticos.
AMALFI é uma pequenina cidade que dá nome a toda a Costa Amalfitana. Ela surge subitamente em uma curva, seis quilômetros depois de Praiano. A Piazza Duomo é o coração de Amalfi. Ela se espalha ao redor da Fontana di Sant’Andrea, construída em 1760.
Da janela do meu quarto, no simpático hotel familiar Terrazza Duomo, eu quase podia tocar a catedral barroca Apóstolo Santo André cuja cripta é um tesouro de Amalfi por abrigar os restos mortais de Santo André, o primeiro discípulo de Jesus.
Na praça, a confeitaria Andrea Pansa atrai muita gente, além das sorveterias, dos cafés e restaurantes. Aliás o restaurante do hotel Terrazza Duomo é um dos mais aclamados da cidade. E dizem por lá, que em Amalfi foi onde surgiu o canelone. Para chegar ao mar basta atravessar com cuidado a estrada que corta a cidade.
RAVELLO é uma cidade bucólica com um jeitinho diferente das demais da Costa Amalfitana, pois está no alto de uma colina, 400 metros acima do nível do mar. O acesso é feito exclusivamente de carro ou ônibus, por uma estradinha muito estreita, diferentemente das demais cidades que na alta temporada são conectadas por belos trajetos de barco. Há um estacionamento, pouco antes da entrada de Ravello, onde o pagamento é feito por aplicativo. Preste atenção para não ser multado.
Uma escadaria leva os visitantes até a praça Vescovado, onde a Catedral de Ravello se ergue desde 1086. Dedicada a São Pantaleão, médico-curandeiro do século XIII, ela é uma das mais antigas da Itália. Sua fachada foi restaurada em 1931. Também desta época é a Villa Rufolo, um complexo de palácios entre belos jardins, construído pela família Rufolo. Ele serviu como inspiração ao compositor alemão Richard Wagner para compor Parsifal. Por isso a cidade é conhecida como “La cittá de la musica” e sedia no mês de julho o Festival de Ravello, com concertos de música clássica. Aliás, parte do evento acontece desde 2010 numa grande concha acústica projetada por Oscar Niemeyer.
Imperdível também é a Villa Cimbrone, um belíssimo terraço com jardins, no alto da montanha, com vistas incríveis do golfo. Além de ter um hotel cinco estrelas e belíssimos jardins, a Villa Cimbrone é famosa pela Avenida da Imensidão, pelos emblemáticos Templo de Ceres, Templo de Baco, pela estátua de David e acima de tudo pelo Terraço do Infinito, ao final do jardim da vila, um dos cartões-postais de Ravello.
Outros belos hotéis em Ravello são: Belmond Caruso e Palazzo Avino.
COMPRINHAS
As cerâmicas artesanais da Costa Amalfitana chamam atenção com seu colorido espetacular. Em Ravello, na Via Roma, entre despretensiosamente na Ceramiche d’Arte e garanto que não sairá sem um pacotinho.
QUANDO IR
A Costa Amalfitana é concorridíssima no verão europeu, especialmente entre julho e setembro. Nessa época os hotéis ficam abarrotados, os preços obviamente sobem e as estradinhas ficam intransitáveis. Se você adora o astral festivo do verão então esse período é o ideal para você. Caso prefira mais tranquilidade recomendo os meses de abril a junho (primavera na Europa) ou outubro quando ainda é quente e a região retornou à sua calma habitual. Já, no inverno, de dezembro a março, muitos hotéis e restaurantes ficam fechados.
COMO CHEGAR
Ótima alternativa para ir de Roma a Nápoles é o trem de alta velocidade que faz o trajeto em 1h10m. O valor por pessoa na business é 49 euros. Recomendo que compre antecipadamente o bilhete na internet pelo site italiarail.com
COMO SE LOCOMOVER
Alugar carro “pequeno” é boa alternativa. Vale lembrar que as estradinhas são estreitas, servem como estacionamento para os moradores dos vilarejos e ônibus circulam constantemente entre os principais pontos turísticos. Há quem alugue vespa (não sou desse time). Também tem a turma que opta por circular de barco entre as cidades da Costa Amalfitana, o que é ótima pedida na alta temporada.
DICAS DE HOTÉIS
NÁPOLES: Grande Albergo Vesuvio, Hotel Excelsior, Santa Lucia, Royal Continental
POSITANO: Sirenuse, La Bizantina, Marincanto e Palazzo Murat
AMALFI: Terrazza Duomo
RAVELLO: Belmond Caruso e Palazzo Avino
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