AMANJIWO, AMANKILA, AMANDARI: FELICIDADE TRIPLICADA

Conhecer a Indonésia por si só já é motivo de felicidade. E essa felicidade pode ser triplicada com a hospedagem em três hotéis idílicos do grupo Aman – Amanjiwo, Amankila, Amandari – os quais se encarregam de criar experiências memoráveis.


Matéria de capa escrita por Claudia Liechavicius 

para a edição 193 da revista Top Destinos.


Realmente não há lugar como a Indonésia. Uma terra sagrada, vulcânica, fértil, repleta de terraços de arroz, com astral zen, contornada por praias paradisíacas e que exala aroma de frangipani (também conhecida como jasmim-manga e com cheiro marcante). Seu senso de espiritualidade ecoa entre bênçãos, oferendas e festividades pelas ilhas que compõem o arquipélago. E não são poucas. Das 17 mil ilhas, 6 mil são habitadas, sendo Bali e Java as mais desejadas. Para fazer eco com um destino tão especial, que pede calma para contemplação e que combina perfeitamente com uma viagem em estilo slow travel, nada como escolher hotéis que prezem pela exclusividade e que entreguem um serviço extraordinário graças a hospitalidade generosa, tipicamente asiática, marca registrada da rede Aman.


 

JAVA: PORTA DE ENTRADA

 

Java foi minha porta de entrada na Indonésia. Vindo de Singapura desembarquei no aeroporto de Yogyakarta, a 60 quilômetros do hotel Amanjiwo, onde o simpático motorista Faliq aguardava com uma plaquinha acolhedora de boas-vindas. No carro, toalha gelada, água, biscoito e wi-fi tornaram o trajeto confortável, apesar do trânsito. Uma hora e meia depois eu era recebida com pétalas de flores e chá gelado num hotel cuja tradução do nome dá a pista do que está por vir: “Alma Pacífica”. Ao descer pela rampa do icônico pavilhão central abobadado do hotel, desenhado pelo falecido arquiteto Edward Tuttle, vejo a silhueta de Borobudur pelo pórtico milimetricamente projetado para trazer o templo budista até a altura dos olhos. Diminuo o passo e respiro fundo para admirar aquele quadro vivo, motivo da minha viagem à Java Central.



Borobudur figura entre os templos mais importantes do mundo. É dedicado ao budismo Mahayana e desde 1991 está listado como Patrimônio Mundial da Unesco. Dizem ter sido construído durante a Dinastia Sailendra, provavelmente entre os anos 760 e 840 da era cristã, mas os enigmas são muitos. Borobudur tem a forma de uma grande mandala edificada em nove plataformas sobrepostas, sendo seis quadradas e as três superiores circulares. Sobre elas os visitantes devem caminhar num espiral, em sentido horário, até atingir o topo. O percurso funciona como um oráculo de meditação e é acompanhado por 2672 painéis esculpidos na rocha com cenas sobre a vida de Buda. Além disso, tem 504 estátuas sentadas em postura de lótus, voltadas para o vulcão Merapi, com as mãos em seis diferentes mudras. 

 

Esse compêndio budista está a menos de cinco quilômetros do Amanjiwo e a ligação entre eles pode ser percebida desde a linha arquitetônica até a quantidade de villas - trinta e seis -, a metade do número de estupas que circundam a abóboda central de Borobudur. O Amanjiwo reverbera a magia de Borobudur com design composto por círculos e quadrados como uma homenagem ao templo. Sem contar a sua localização dentro de um anfiteatro natural cercado por uma floresta tropical, nas colinas de Menoreh, o que faz do resort um santuário onde terraços de arroz caem em degraus verdes, a partir de uma belíssima piscina, reforçando a conexão espiritual com a beleza da vida. Impossível descrever a força que o vale emana. As acomodações – distribuídas em forma de meia lua e unidas por calçadas de pedra - acompanham essa atmosfera zen tendo cores claras, muita luz natural, cama em tamanho king acomodada entre pilastras de pedra calcária, mobiliário elegante, banheiros imensos com banheira em pedra embutida em um pátio aberto, e uma bela área para descanso ao redor da piscina privativa (presente em várias acomodações). Um convite irrecusável para se viver o misticismo de Java Central, com muita exclusividade. A cozinha do hotel é primorosa, incluindo diariamente um chá da tarde acompanhado por músicos locais. Entre as experiências propostas, o hotel se encarrega de conduzir os hóspedes pelos templos e vilarejos da região, além de oferecer uma palestra sobre Borobudur com o antropólogo-residente Patrick Vanhoebrouck, oficinas de batik e cerâmica, e meditação. Difícil mesmo é se despedir.



MONTE AGUNG: CONTEMPLAÇÃO DE UM VALE SAGRADO

 

Vindo de Java desembarquei no movimentado aeroporto de Denpasar, em Bali, após um voo de pouco mais de uma hora. No saguão, ao lado de um grupo de dançarinas balinesas vestidas em trajes belíssimos, avisto o motorista do Amankila vestido de sorrisos. A chegada no resort foi na hora exata em que o céu ganhava tons rosados e o dia começava a se despedir.


 

O hotel está debruçado em uma colina do sagrado Monte Agung, na costa leste de Bali onde uma piscina infinita e aquecida cai em uma cascata que mira o Estreito de Lombok. Em silêncio, sentei por alguns minutos para admirar a beleza até seguir pelas passarelas que conectam as 31 suítes sobre altas palafitas, acima da copa das árvores. As cores claras e os telhados feitos em palha trazem serenidade e harmonizam as villascom a vegetação. Móveis incrustados de casca de coco e madrepérola, dossel da cama e paredes de madeira, e imensos banheiros com secador de cabelo Dyson, um must das mulheres.

 

No dia seguinte acordei cedo para ver o sol nascer enquanto tomava café da manhã num gazebo estrategicamente posicionado em uma clareira no alto da colina. No horizonte, campos de arroz e o irritadiço vulcão Agung de um lado, e do outro uma belíssima praia de areia preta vulcânica. Vale lembrar que a Indonésia fica dentro de uma zona conhecida como “Anel de Fogo do Pacífico”, onde estão localizados 50% dos vulcões do planeta, responsáveis por 90% dos abalos sísmicos que ocorrem no mundo. Na sequência fiz aula de ioga num quiosque em frente ao mar e dei um mergulho na praia exclusiva do hotel. O Amankila é um hotel que pede uma rotina relaxada para que se possa aproveitar cada cantinho seja o gazebo da praia, uma das piscinas, restaurantes, spa ou quem sabe na academia. Vale evitar excesso de passeios. Afinal, esse é um belo destination hotel.

 

A 20 minutos dali a pequena aldeia hindu Tenganan merece uma visita. Com mais de mil anos de história, ela abriga atualmente ao redor de 750 moradores que levam uma vida rural simples e se beneficiam do turismo ao vender o artesanato que produzem. Outro lugar tranquilo e com poucos visitantes (uma raridade em Bali) é o Water Palace Taman Ujung. O antigo palácio do rei em Karangasem tem vários edifícios históricos cercados por lagos artificiais e jardins floridos. Remonta a 1909 e mistura influência balinesa, chinesa e holandesa. Já o templo hindu Pura Lempuyang Luhur é um dos mais antigos e também um dos mais fotografados de Bali. Atualmente o tempo de espera para conseguir aquela foto clássica com o truque do reflexo feito com um espelho chega a cinco horas. Há quem espere. No entanto recomendo que tire a foto pelo outro lado do portão, sem fila nenhuma, e aproveite esse tempo para visitar o Tirta Gangaa Water Palace que recebeu o nome como homenagem ao sagrado rio Ganges.


 

UBUD: DESCOBERTAS NO VILAREJO PULSANTE DE BALI

 

Inspirado em uma aldeia balinesa e instalado no vilarejo de Ubud, no centro de Bali, o Amandari tem uma aura de luxo descomplicado. Um clássico do grupo Aman, com vistas hipnotizantes para terraços de arroz que se estendem até o sagrado rio Ayung. Um destaque na hotelaria de luxo da Indonésia. O trajeto do Amankila ao Amandari é feito de carro em pouco mais de 1 hora para cobrir os 50 quilômetros que conectam os dois hotéis, sendo que a estrada em si, já é parte do passeio. 



É em Ubud que pulsa o coração de Bali. O hinduísmo balinês é uma religião bastante singular, com influência do budismo. É fácil perceber que há mais templos do que casas e é exatamente daí que vem a definição clássica de “Ilha dos Deuses”. As manifestações de fé são uma prática diária na forma de oferendas, preces e festivais. A combinação entre a espiritualidade e a simplicidade da vida produz um magnetismo inexplicável. Para viver Bali em sua plenitude vale fazer um ritual de purificação em um dos tantos locais sagrados da região onde os turistas são tão bem-vindos quanto os locais, independentemente de sua religião. No templo Tirta Taman Mumbul participei de uma cerimônia chamada de Melukat para purificar corpo, mente e alma. Havia somente balineses. Já, no Taman Beji Griya Waterfall a estrutura com quedas d’água e vários altares atrai um grande número de turistas, em uma cerimônia mais longa. No caminho de volta ao hotel uma parada na Floresta de Macacos Sangeh trouxe momentos divertidos. Com a companhia de um guarda do parque aprendi sobre o comportamento dos animais e até arrisquei umas fotos na companhia dos bichinhos ávidos por um punhado de amendoim. É recomendável que a visita seja guiada para não haver susto.

 

O Amandari conta com 30 villas com dois andares, cercadas de verde por todos os lados, algumas com piscina privativa e muito conforto, mas acima de tudo com uma equipe extremamente gentil. A maior parte do staff é originária da própria ilha. Também vale destacar a culinária, os mimos diários e os projetos sociais que apoiam a comunidade. Um deles, oferece aulas de música e de dança para as crianças de uma escola parceira com a intenção de manter as tradições balinesas vivas.


 

Outro capítulo importante na vida de Bali é o arroz. Os terraços estão espalhados por todos os lados e o visual daqueles campos reluzentes traz uma paz imensa. O mais famoso deles, e também o mais turístico, é o Tegallalang onde há caminhos sobre as taipas e mirantes fotográficos com vários tipos de balanço para garantir bons registros. Um pouco adiante fica o Jatiluwih, listado pela Unesco como Patrimônio Cultural Mundial. Para que a experiência seja completa vale almoçar num warung, pequeno restaurante familiar, e comer o principal prato típico de Bali - Nasi Goreng - feito com arroz, vegetais e frango ou camarão. Made, uma senhora sorridente que trabalhou em vários restaurantes da região, hoje cozinha no seu próprio warung chamado DETAMI, e fez um prato tão saboroso e fresco que jamais esquecerei.

 

Se dizem que é preciso que os deuses façam o convite e abram as portas para que o visitante possa desvendar os mistérios de Borobudur e para que a magia de Bali aconteça, então fui abençoada. Os deuses me acolheram com dias sagrados de sol e ainda apontaram as setas para que a felicidade fosse triplicada com as hospedagens que desfrutei. Voltei leve!


 

DICAS QUENTES

 

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS 

É preciso apresentar passaporte válido por mais de seis meses, certificado de vacinação contra febre amarela e, contra Covid-19, com pelo menos duas doses. Já, o visto pode ser feito online ou no próprio aeroporto durante a chegada, custa 50 dólares por pessoa, com validade de 30 dias. Além disso, é necessário preencher um Formulário de Declaração Aduaneira por família, para apresentar na alfândega. Faça antecipadamente online para facilitar.

 

COMO CHEGAR 

É possível voar via Dubai, Doha ou algum país europeu seguido de uma escala na Ásia. Optei por voar com a Qatar Airways, pelo conforto da Qsuite pois o trajeto é longo. Do Brasil até a Indonésia serão praticamente dois dias de voo, considerando o tempo das conexões.

 

COMO SE LOCOMOVER

Para acessar os pontos de interesse é preciso ter um carro. Os hotéis Aman oferecem esse serviço aos hóspedes - desde a chegada no aeroporto até os passeios diários - incluído no valor da diária. Caso você queira ir até algum lugar de modo independente existem taxi e veículo de aplicativo. Basta baixar o Grab. Ele funciona muito bem na Indonésia. Quanto ao aluguel de moto em Bali, vale lembrar que o trânsito é caótico e a mão inglesa.

 

O QUE VESTIR 

O país é quente o ano todo e bastante úmido por estar próximo da linha do Equador. Dê preferência a roupas leves. No entanto, cubra ombros, barriga e joelhos, em respeito ao hinduísmo de Bali e ao islamismo de Java, quando for aos templos. Nas praias do sul de Bali, o astral é mais cosmopolita. Não há restrição quanto ao uso de biquíni, transparência ou roupas curtas, inclusive vi bastante topless.

 

QUANDO IR

A Indonésia é quente o ano todo. Vale fugir do período chuvoso que vai do final de novembro a março, sendo janeiro o mês mais chuvoso.

 

ONDE FICAR 

Amanjiwo, em Java Central

Amankila, na costa leste de Bali

Amandari, em Ubud, no centro de Bali


* Para assinar a revista Top Destinos CLIQUE AQUI

 

LEIA TAMBÉM 


A SINGULARIDADE DA MONGÓLIA


TERRA DOS GIGANTES: BOTSUANA


BELIZE, A PEQUENA NOTÁVEL


Booking.com

Compartilhe:

Comentários

0 comments:

Postar um comentário

Deixe seu comentário. Obrigada!