FASANO BELO HORIZONTE

É curioso perceber que basta dar um passo e o DNA salta. Fachada de tijolos aparentes, design de interiores elegante e atenção total aos detalhes, sem descuidar jamais do bem-estar. Em Belo Horizonte, o charmoso bairro de Lourdes foi o escolhido. Nascia ali, em 2018, o hotel mais exclusivo da capital mineira: Fasano Belo Horizonte.

A clássica fachada do Fasano.

Conforme eu andava pela rampa que leva ao salão de entrada contíguo ao restaurante Gero e ao bar, meus olhos corriam de um lado para outro, encantados. Iluminação na medida, belas orquídeas, piso de mármore travertino, grandes tapetes em tom cru, mobiliário com peças de artistas renomados como Sérgio Rodrigues, Percival Lafer e John Graz entremeadas por objetos garimpados em Tiradentes e por uma hospitalidade impecável confirmavam que eu estava num hotel Fasano.

Salão principal do Fasano Belo Horizonte.

O check in, como de costume, é feito num lobby escondidinho. Passa-se por um longo corredor que ladeia o salão principal, sendo separado dele por painéis ripados giratórios que deixam ver o movimento sem interferir na tranquilidade dos hóspedes. Discrição define.

O check in é feito atrás do bar.

Feito isso, ao subir de elevador pelos 12 andares do prédio projetado na forma de um “L” a paleta em tons neutros e terrosos acompanha. Eu estava em uma suíte júnior de 45m², no sétimo andar. No total são 77 acomodações distribuídas em dez categorias que variam de 26 a 110m², com tarifas a partir de R$ 2.300,00 além das taxas.

Suíte Junior.

Muita madeira, grandes armários, cortinas fartas, cama em tamanho king vestida com lençóis de algodão egípcio, sala integrada ao quarto com sofá, mesa de centro com um exemplar do periódico Corriere Fasano trazendo as novidades, banheiro todo em mármore com banheira de imersão, sandálias Ipanema e muito mimo deram as boas-vindas. Fui recebida com uma seleção de fotos das minhas últimas viagens penduradas a um canto, com um clássico Romeu e Julieta, com frutas da estação fatiadas, docinhos, produtos mineiros da Frau Bondan e uma cerâmica que me fez tomar o rumo de “O Ateliê da Cerâmica”.

Essa empresa familiar ocupa uma casa histórica do bairro de Lourdes, que abrigou um consultório médico nos anos 50/60 e segue lá lembrando do seu passado glorioso. A casa foi recentemente tombada e restaurada pelo arquiteto Gabriel Castro. A iniciativa de plantar nesse casarão o ateliê nascido em Contagem partiu da matriarca Flávia Soares e de seus dois filhos Luiza Soares e Daniel Romeiro, os quais fabricam peças de arte e design com suas próprias mãos. O espaço é palco para exibir as cerâmicas utilitárias feitas por eles, com beleza e sofisticação. Uma habilidade manual minuciosa que confere conexão com a cultura local. É possível comprar desde uma pequena peça até um enxoval de jantar completo. Os chefs Claude Troisgros e Roberta Sudbrack costumam abastecer seus restaurantes com cerâmicas artesanais do ateliê. Não precisa dizer mais nada.

O Ateliê de Cerâmica.

De volta ao hotel, percebi que os tijolinhos da fachada eram vazados em cobogós semelhantes ao Mercado Novo. Isso afirmou a conexão da arquitetura do hotel Fasano com os traços históricos de Belo Horizonte. O Mercado Novo - que na verdade não é novo - fica no centro da cidade e recentemente virou um lugar cool em BH. Mas, nem sempre foi assim. Inaugurou na década de 60, ele só explodiu em 2018 quando foi redescoberto. Hoje tem vários bares e restaurantes descolados. Vale experimentar o Cozinha Tupis, comandado pela chef Tita Martinuci e tido como um dos melhores da cidade. Comece pedindo um Xeque Mate, bebida feita com chá mate, rum, xarope de guaraná e limão, a cara de BH, e siga pela rota dos acepipes, tira-gosto, pão acompanha e refeições. Tudo preparado com altíssima qualidade, com gostinho de cozinha mineira contemporânea acrescida de influências do mundo todo e serviço de balcão. Imperdível.

No restaurante Cozinha Tupis, com o sócio Pedro Cunha e a chef Tita Martinuci.

E na hora de desacelerar? Agendei uma massagem relaxante. É no rooftop do Fasano que estão escondidas a piscina e a área de wellness. A sauna e as três salas do spa compartilham do mesmo espaço oferecendo um bom cardápio de tratamentos para garantir momentos de descanso entre um compromisso e outro na capital mineira. Saí renovada. Já a academia e as salas de reuniões ficam no subsolo.

Relaxar é preciso!

Na cena gastronômica o Gero se destaca com uma culinária que ostenta mais de 100 anos de tradição. O restaurante tem ambiente aconchegante, com aqueles conhecidos tijolos à vista, um pergolado que deixa entrar a luz natural, muita madeira e mobiliário em tons neutros, tendo na qualidade do serviço uma grande estrela. Um convite pra sentar, degustar sem pressa desde a primeira taça de vinho acompanhada pelos irresistíveis chips de abobrinha e transitar por um menu italiano clássico – pasta, risotto, cotoletta alla milanese, polenta, tiramisù - que nunca tem erro. Vale lembrar que o café da manhã também é servido ali e é digno de nota.

Gero, um destaque no cenário de BH.

Para fechar o dia com boa música, o Baretto - reduto mais intimista da capital mineira – tem que entrar na dança. O sofisticado bar, foi concebido por Constantino Bittencourt e projetado pelo arquiteto Thiago Bernardes. As noites de sexta e sábado são embaladas por MPB e jazz e a experiência não pode ficar de fora numa visita a Beagá.

Baretto.

São mais de 40 anos de história e uma certeza, essa estrada desembocou num tremendo sucesso. Começou em 1980 quando Rogério Fasano voltou de Londres para refundar o restaurante do avô, que tinha brilhado por 25 anos e fechado as portas em 1970 e hoje, o grupo contabiliza 26 restaurantes e 10 hotéis: Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Salvador, Trancoso, Boa Vista, dois na cidade de São Paul o, Punta del Este, Nova York e Belo Horizonte. E não para por aí. Em breve teremos Miami, Londres, Cascais e Sardegna.